|
forças anglo-americanas mudaram sua estratégia de ataque para tentar chegar a Bagdá ontem, usando aviões para disparar mísseis guiados por satélite contra a Medina, mais forte divisão da Guarda Republicana.
Um dia após terem helicópteros abatidos por fogo inimigo nas proximidades de Karbala (100 km ao sul de Bagdá), os EUA optaram por caças F-16, que voam a altitudes mais elevadas e ficam fora do alcance da artilharia iraquiana, para enfraquecer a tropa de elite de Saddam Hussein.
No avanço por terra, americanos e britânicos enfrentaram tempestades de areia. O comboio chegou a passar horas estacionado, esperando a visibilidade melhorar. "A divisão Medina está agora sob intenso ataque aéreo, mas o mau tempo retardará nossos avanços", disse em Londres o premiê britânico, Tony Blair.
Por causa da tempestade, fuzileiros navais em comboios mais ao sul, na região de Najaf, precisaram de cinco horas para avançar 32 quilômetros.
Os EUA afirmam que cerca de 500 iraquianos foram mortos em dois dias de combate nessa área. Em um dos combates, paramilitares iraquianos emboscaram um comboio de veículos, destruíram dois jipes Humvee e usaram um lança-granadas para danificar uma ambulância blindada. Os americanos afirmam que, em seu contra-ataque, mataram mais de cem iraquianos e destruíram 15 picapes inimigas.
A coalizão anglo-americana voltou a admitir que o ataque ao Iraque tende a ser mais longo do que o inicialmente previsto. O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse: "estamos muito mais perto do começo do que do final [do conflito]".
O secretário disse que os principais adversários enfrentados são paramilitares como a milícia Fedayeen, que combatem principalmente no sul do país, nas imediações de Basra, onde os enfrentamentos se intensificaram ontem.
Rumsfeld acrescentou que os americanos fizeram, até agora, 3.500 prisioneiros de guerra. E tentou demonstrar confiança: "as autoridades iraquianas sabem que seus dias estão contados".
Em mais um caso de "fogo amigo", dois soldados britânicos foram mortos e outros dois ficaram gravemente feridos segunda-feira em Basra (395 km ao sudeste de Bagdá), informou o Ministério da Defesa britânico.
O acidente ocorreu na segunda à noite, durante uma batalha a oeste de Basra. Um tanque Challenger 2 britânico, com quatro tripulantes, foi atingido por engano por outro tanque Challenger.
Em outro caso de "fogo amigo", um caça F-16 americano disparou acidentalmente contra uma bateria de mísseis antiaéreos Patriot, no sul do Iraque. Segundo a coalizão anglo-americana, desta vez não houve mortos nem feridos.
O episódio aconteceu segunda-feira, a cerca de 50 km ao sul da cidade de Najaf, informou o comando. O caça estaria voando em direção a Bagdá quando efetuou os disparos. Foi aberta uma investigação sobre o caso.
Ao todo, 27 militares da coalizão morreram em decorrência de acidentes e de "fogo amigo".
Norte
A coalizão anglo-americana lançou ontem o mais pesado bombardeio contra a cidade de Mosul, no norte do Iraque. A cidade, localizada em área de maioria curda, é rica em petróleo e está sob controle de Bagdá, assim como Kirkuk, outra importante cidade da região. Não há informações sobre vítimas nos ataques.
Por enquanto, não tem havido combates terrestres no norte iraquiano. Analistas afirmaram ontem que já estão duvidando que os EUA iniciem uma ofensiva contra Bagdá a partir da região.
Inicialmente, a estratégia americana para atacar a capital iraquiana, onde está o centro do poder do ditador Saddam Hussein, era operar em duas frentes: uma pelo sul, desde o Kuait, e outra pelo norte, a partir da Turquia.
Porém o Parlamento turco impediu que os americanos utilizassem bases no país, liberando apenas o espaço aéreo.
Isso inviabilizou uma ofensiva pelo norte. Os americanos enviaram algumas forças para o norte, mas o mais provável é que elas operem em comandos isolados, e não em grandes operações, como acontece no sul.
"O máximo que eles [as forças americanas] devem fazer por terra é participar de alguns combates ao redor de Kirkuk ou Mosul", disse Charles Pena, diretor de estudos políticos do Instituto Cato, em Washington.
A Turquia enviou tropas para o norte do Iraque após o início dos ataques americanos a Bagdá. O governo turco argumenta que o envio visa impedir a entrada de refugiados da guerra no país.
Porém analistas afirmam que o objetivo dos turcos é evitar a criação de um Estado curdo independente no norte do Iraque. Isso poderia alimentar o sentimento separatista dos curdos no sul da Turquia.
36 bunkers
Os EUA confiscaram armas, mataram dois homens e prenderam 11 em megaoperação realizada ontem em Nassiriah, ao sul de Bagdá. Cerca de 36 bunkers foram encontrados em uma base aérea.
Existe a suspeita de que armas de destruição em massa sejam guardadas em alguns desses bunkers. Eles foram fechados e serão reabertos com a presença de jornalistas para eles servirem de testemunhas no caso de esses armamentos serem encontrados.
|
