Na corrida pela conquista de votos no Rio Grande do Sul, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, confirmou nesta sexta-feira a adesão de setores importantes do PMDB, mas não conseguiu uma declaração de apoio aberto de lideranças como o governador Germano Rigotto e o senador Pedro Simon.O apoio pode ser decidido ainda antes do segundo turno. No entanto, os cálculos levariam em conta a necessidade de manter a coerência com o projeto de uma candidatura própria e de reforçar a candidatura de Rigotto que, apesar de líder nas pesquisas de intenção de votos, não conseguiu unificar toda a base de apoio do atual governo em torno de sua reeleição.
"Esta questão (apoio à candidatura presidencial) está em aberto. Temos uma mágoa muito grande interna no PMDB. Apresentamos uma candidatura e achávamos que o partido deveria ter um candidato, que era o grande momento para uma terceira via. Infelizmente o PMDB nacional, (José) Sarney e Renan (Calheiros) se venderam para o governo e impediram a candidatura", disse Simon após encontro com Alckmin, sobre a decisão do partido de não apresentar candidato para a disputa presidencial.
O PMDB gaúcho esteve bastante empenhado na disputa interna e ainda se ressente do resultado frustrado da consulta em que Germano Rigotto obteve a maioria dos votos mas, devido às regras do processo, acabou derrotado por Anthony Garotinho. Rigotto mostrou cautela e não quis conversar com a imprensa após a visita de Alckmin.
Já o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), principal articulador da adesão à candidatura Alckmin, está otimista e calcula em 80% a adesão de lideranças locais à candidatura tucana. Segundo o deputado, este apoio não deve significar o emprego da estrutura do partido na campanha presidencial, mas no empenho de políticos e parlamentares para a eleição do tucano. "Há duas semanas estou conversando com prefeitos e vereadores do PMDB e percebo que o apoio vai crescer", disse Padilha.
Críticas e apoios
Alckmin aproveitou a visita para responsabilizar o governo Lula pelas dificuldades financeiras enfrentadas pelo Rio Grande do Sul. Em sua opinião, o Estado teria sido prejudicado pela falta de entendimento da administração federal sobre as peculiaridades de uma economia exportadora.
Dizendo não temer a investigação dos casos de corrupção, o tucano apontou o desempenho do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, como um fator que pouco contribui na resolução dos problemas do país. "Lula está dando um exemplo muito ruim tanto pela omissão quanto pelas ações equivocadas", disse Alckmin.
Após ter conseguido, na quinta-feira, apoio do ex-presidente Itamar Franco, o roteiro de Alckmin na capital gaúcha deu prioridade às conversas com personalidades do PMDB. Ele foi ainda ao comitê de Francisco Turra (PP) e reservou a noite para participar do lançamento da candidata de seu partido, deputada Yeda Crusius, ao governo do Estado.
Crusius aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto; Rigotto lidera e o petista Olívio Dutra vem em seguida. No quinto colégio eleitoral do País, Alckmin saiu na frente, mas pode estar enfrentando uma tendência de retração nas intenções de voto.
Pelo Datafolha de junho, o tucano estava sete pontos à frente de Lula entre os eleitores da região Sul. Já na pesquisa de 18 de julho, Alckmin caiu de 37% para 31% e empatou tecnicamente com Lula, que se manteve nos 30%.
Pelo levantamento do Centro de Pesquisas Correio do Povo, entre 12 e 14 de julho em 55 municípios gaúchos, o presidenciável tucano lidera pesquisa estimulada com 34,7% contra 29% de Lula. Na espontânea, Lula teria 23,8% contra 19,4% do tucano.
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