Furlan destacou que houve uma queda de participação do Japão no comércio exterior brasileiro e também na área de investimentos. “O Japão chegou a ser o quarto mais importante parceiro importador do Brasil, e hoje está em sétimo. Acredito que medidas que possam reativar o intercâmbio bilateral, inclusive visando uma zona de livre comércio no futuro, pode colocá-los de novo em uma situação de protagonistas como foi no passado”, declarou Furlan.
A corrente de comércio entre Brasil e Japão (soma das importações e exportações), que chegou a ser de US$ 6,6 bilhões em 1997, no ano passado foi reduzida para US$ 4,4 bilhões. Este fenômeno é resultado da prolongada estagnação da economia japonesa e, a partir de 1999, da desvalorização do Real. As importações brasileiras caíram 23,4%, enquanto a exportações subiram apenas 5,6% de 2001 para 2002. O Japão perdeu para a China o posto de maior comprador asiático de produtos brasileiros.
“O comércio bilateral não está a nível que interessaria às duas partes”, explicou Minoru Murofushi, líder da delegação nipônica no encontro. “Nossa visão é de futuro e não exclusivamente imediatista”, ponde-rou o presidente da seção brasileira do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, José de Freitas Mascarenhas. “Estamos hoje aqui verificando os problemas existentes e depois construindo uma agenda de futuro”, disse.
A participação japonesa no ranking dos investidores no Brasil também sofreu forte alteração nos últimos anos. Em 1995 o país detinha 6,3% do estoque de investimentos estran-geiros aqui, com US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos tinham aplicado US$ 10,8 bilhões e a Espanha, apenas US$ 251 milhões.
Em 2000, a participação do Japão havia descido para 2,4% do estoque total, com US$ 2,4 bilhões, enquanto os norte-americanos chegaram a US$ 24,5 bilhões e a Espanha a US$ 12,2 bilhões.
Uma negociação que pode melhorar esse quadro é dos produtores brasileiros fornecerem álcool para ser adicionado à gasolina japonesa. Devido a questões ambientais e também para reduzir a dependência do petróleo, estuda-se adicionar entre 3% e 10% de etanol à gasolina. “Isso é algo que está sendo trabalhado e oferece uma pers-pectiva muito interessante para o País.
Dependendo do nível de mistura, alguma coisa como cinco bilhões de litros de álcool a ser exportado”, explicou o deputado federal Armando Monteiro Neto (PMDB-PE), presi-dente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), promotora do encontro.
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