O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decide hoje, durante reunião de coordenação de governo, em Brasília, se afasta o titular da Fazenda, Antonio Palocci - cuja permanência no cargo ficou abalada após a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que acusa o ministro de freqüentar mansão em Brasília para reuniões de lobby e festas com garotas de programa. Ontem, durante reunião reservada com Palocci na Granja do Torto, em Brasília, Lula teria afirmado que o governo não poderia continuar "sangrando em praça pública". De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o titular da Fazenda negou ontem qualquer parcipação na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro em conta na Caixa Econômica Federal (CEF). Porém, admitiu a possibilidade de participação de sua assessoria ter participado do vazamento de extrato com depósitos na conta de Costa à revista Época. Participará do encontro o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP) - hoje, o nome mais cotado para assumir o posto.
Enquanto Lula já admite a possibilidade de trocar o comandante da política econômica, a manutenção de Palocci depende de ser provado que ele não teve participação na quebra ilegal do sigilo. Sobre o caso, deporá hoje à PF o presidente da Caixa, Jorge Mattoso.
A grande expectativa a respeito do depoimento de Mattoso é se ele irá assumir a culpa pela violação sozinho - o que daria sobrevida a Palocci. Independentemente do que for dito, a tendência é de que o presidente da Caixa deixe o cargo ainda nesta semana, de acordo com fontes do governo. As mesmas fontes indicam que Jorge Mattoso recusou a possibilidade de se reponsabilizar pela quebra de sigilo, ao ser sondado por um emissário de Palocci.
Segundo a Polícia Federal, a apuração do caso está bastante avançada e deve estar concluída até amanhã. A PF ouviu ontem o suposto mandante da quebra do sigilo e mais duas pessoas que teriam operado um laptop para emitir o extrato do caseiro. Já foram ouvidos o gerente da Caixa Jeter Ribeiro de Souza e a vice-presidente de Tecnologia, Clarice Coppetti - que depõe amanhã na CPI dos Bingos.
Mercadante
Ontem, ganhou força o nome do senador Aloizio Mercadante para suceder Palocci no ministério da Fazenda. Ele mesmo se disse "preparado" para assumir o cargo na hipótese de ser convidado por Lula.
Outros nomes cotados são os do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, e dos ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. O secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, também é um dos possíveis sucessores de Antonio Palocci.
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