O governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin, admitiu ontem que a definição do candidato do PSDB pode não ocorrer hoje, dia 14, como estava previsto.
"O presidente do partido, Tasso Jereissati, estabeleceu a data de amanhã para que se equacionasse essa definição partidária. Tenho impressão que isso está mantido, mas se tiver alguma alteração não tem nenhum problema", disse Alckmin, lembrando que a data não pode passar de 31 de março, prazo final para a desincompatibilização.
Pela primeira vez em semanas, o governador admitiu estar ansioso com a indefinição do partido, que além dele tem o prefeito de São Paulo, José Serra, na disputa. "A decisão é na terça-feira e tem os dois ansiosos tradicionais da vida, que são os políticos e os jornalistas", disse. Até sexta-feira, ele se dizia "zen" com o impasse que já dura mais de dois meses.
Sem a desistência de nenhum lado, os dois adversários já trabalham com a possibilidade de uma consulta formal ao partido, por meio do diretório nacional, que tem cerca de 200 integrantes.
Indagado sobre esta consulta, Alckmin foi evasivo. "Essa questão de discussão de um fórum, isso é um assunto a ser debatido... Trabalho para ser o candidato do entendimento."
Alckmin também deixou em aberto um possível encontro com Serra ainda nesta segunda-feira, após a reunião da semana passada.
"Falei com o prefeito na quinta-feira. Hoje não tem nada marcado, mas pode se falar", disse.
As declarações foram dadas à imprensa após a participação do governador em reunião do Conselho Estadual de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Cericex).
Reeleição
A questão da reeleição de presidentes poderá fazer parte da negociação para que Alckmin seja o indicado pelo partido, uma vez que um dos integrantes da cúpula decisória, o governador mineiro Aécio Neves, tem intenção de concorrer à Presidência em 2010.
"Para mim, não tem nenhum problema. Não faço nenhuma questão de reeleição, acho que em quatro anos dá para fazer muita coisa", disse Alckmin.
Mas ele deixou a solução da questão para os parlamentares. "Esse é um assunto do Congresso Nacional. É o Congresso que deve decidir."
Aécio e empresários
Nesta segunda-feira, foi divulgado que Aécio apóia o nome do governador para candidato. Alckmin, que disse ter tomado conhecimento da adesão pela imprensa, retribuiu. "Aécio é meu irmão, gosto muito dele, é uma bela revelação."
O deputado estadual Edson Aparecido (PSDB), fiel partidário de Alckmin, disse que apenas um governador do partido ¿Lúcio Alcântara (CE)¿ não manifestou apoio ao paulista. O demais (GO, PA, PB, RR) são Alckmin. Lucio Alcântara, do mesmo Estado de Tasso, tende a seguir a decisão que o senador tomar.
Muitos empresários presentes ao evento de exportação desta manhã também defendem a candidatura do governador à Presidência.
"Fiquei muito preocupado com sua saída em 31 de março, mas fiquei tranquilo com a presença do Claudio Lembo (vice-governador). Tenho certeza que nos quatro anos pela frente teremos o senhor como presidente nos apoiando", disse José Américo Ribeiro dos Santos, presidente da Associação Centro de Logística de Exportação.
Um importante líder empresarial paulista, também presente ao encontro, fez um desabafo: "Um está querendo ser candidato (Alckmin), o outro está querendo ser ungido." A declaração ironiza o desejo de Serra de ser aclamado pelo partido. Sem este "chamamento" o prefeito não concorreria, mas mesmo sem esta manifestação ele ainda se mantém na disputa.
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