Os pesquisadores Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), e Rachel Meneguello, da Universidade de Campinas (Unicamp), afirmam que os eleitores brasileiros mais pobres tendem a votar pensando no próprio bolso, se pautando em critérios mais pragmáticos que morais. Também, segundo eles, o brasileiro costuma transformar a eventual avaliação positiva do governo em votos para o candidato da situação. Esses fatores podem ser decisivos para eventual reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avaliam os especialistas.
"O eleitor é um cínico, no sentido de só se preocupar com seu benefício individual", disse Figueiredo, ouvido pelo jornal O Estado de S.Paulo. Segundo ele, apenas cerca de 10% do eleitorado brasileiro prioriza as questões éticas na hora de escolher seu candidato. As mais recentes pesquisas eleitorais mostram uma franca melhora na avaliação do governo Lula após o início do escândalo do "mensalão", sobretudo entre as pessoas de menor remuneração e escolaridade.
Para Rachel Meneguello, a condição precária na qual vive a maioria da população do País a força a adotar critérios mais pragmáticos. No entanto, ressaltou Figueiredo, isso não significa que a população seja indiferente à corrupção. "A roubalheira é vista como uma espécie de ´desconto´ nos ganhos que esperam", disse.
Nos últimos meses, Lula, de olho nesse eleitorado, tem priorizado a divulgação de programas sociais em eventos pelo Brasil, bem como está solientando esse aspecto nas mais recentes campanhas publicitárias do governo federal.
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