O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, poupado de perguntas mais incisivas pela bancada do PFL na última quinta-feira, durante depoimento à CPI dos Bingos, assinou, logo após deixar o congresso, autorização para o refinanciamento de até R$ 184 milhões em dívidas de cacaueiros da Bahia. A medida era um pleito do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que elogiou o ministro e sua política econômica durante o depoimento - e evitou questioná-lo sobre as denúncias de irregularidades durante a gestão do petista na prefeitura de Ribeirão Preto (SP) e na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, tanto Palocci como ACM confirmam a autorização para o refinanciamento, mas negam que a mesma tenha qualquer relação com o tratamento recebido por Palocci durante o depoimento.
"É meu dever reivindicar o que acho justo para a Bahia e há mais de 15 anos estou ao lado dos cacauicultores. Os ministros Palocci e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), por exemplo, não retaliam a Bahia, ao contrário de outros ministros", afirmou o senador"
A assessoria de Palocci afirmou que a liberação do refinanciamento não partiu apenas do titular da Fazenda, uma vez que o órgão responsável pela medida - o Conselho Monetário Nacional (CMN) é formado também pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Os assessores de Palocci ainda destacam que o benefício já tinha sido discutido uma semana antes do depoimento.
A autorização para o refinanciamento beneficia os produtores com dívidas vencidas em dezembro de 2005 e janeiro de 2006, cuja primeira parcela poderá ser paga apenas em janeiro de 2007. Poderão refinanciar as dívidas aqueles produtores que fizeram empréstimos no Banco do Brasil e no Banco do Nordeste com taxa de juro pós-fixada.
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