A Polícia Civil informou ontem ter reunido evidências suficientes para comprovar fraudes no contrato de serviço de limpeza pública da prefeitura de Ribeirão Preto (SP) durante o mandato do ministro da Fazenda, Antonio Palocci - supostamente para abastecer o caixa dois do PT. Ouvido pelo jornal Folha de S.Paulo, o delegado seccional de Ribeirão, Benedito Antonio Valencise, afirmou que, entre 2001 e 2004, "houve com certeza absoluta" esquema de desvio de verbas e pagamento de propina em esquema operado entre a prefeitura e a empresa Leão Leão.
"Temos tudo devidamente comprovado. Com prova documental, prova testemunhal", disse o delegado. A empresa é acusada pelo ex-assessor de Palocci Rogério Buratti de ter pago "mensalinho" de R$ 50 mil a Palocci, entre 2001 e 2002, e a seu sucessor, Gilberto Maggioni, também do PT, até 2004.
A operação se daria por meio de emissão de notas frias para justificar serviços nunca realizados. O dinheiro seria repartido entre três empresas responsáveis pela emissão das notas, a Leão Leão e a prefeitura - que posteriormente entregaria o dinheiro ao PT.
As provas mencionadas pela polícia seriam provenientes de documentos apreendidos no Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) - órgão da prefeitura responsável pelos contratos - e de papéis entregues por funcionários do departamento.
De acordo com o delgado Valencise, se comprovou que, para cada nota emitida, na verdade o Daerp pagava o triplo do valor "ofical" à Leão Leão - que posteriormente fazia a distribuição dos recursos por meio de manobras contábeis. Segundo a , a polícia ouviu a ex-superintendente do Daerp Isabel Bordini - supostamente a responsável pela determinação de superfaturar os números do contrato.
Porém, por meio de seus advogados, Isabel garante que seus atos "obedeceram rigorosamente às disposições legais então vigentes e os princípios gerais que norteiam a administração pública no Brasil". Já a Leão Leão informa que está apurando as denúncias, enquanto Palocci não se manifestou sobre o caso.
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