O presidente e co-fundador do laboratório de mídia do Massachusetts Institute of Technology (MIT) afirmou, nesta sexta-feira, que o Brasil é um dos países mais interessados do mundo no projeto de distribuição de notebooks de US$ 100 (R$ 229) que poderão ser usados na educação de crianças. "O único que talvez possa ser mais interessado que o Brasil no mundo é a Tailândia", disse Nicholas Negroponte. Negroponte é o líder do projeto na organização sem fins lucrativos One Laptop per Child (OLPC), "Um Laptop por Criança", que conta com apoio de gigantes da tecnologia como Google, AMD e Red Hat, e do conglomerado de mídia News Corp. Ele apresentou o projeto à imprensa, acadêmicos e executivos em São Paulo, e disse que a OLPC deve mostrar o primeiro protótipo do laptop em 17 de novembro, durante a Cúpula da Sociedade Mundial da Informação, na Tunísia.
A máquina terá o formato de um livro, tela colorida de cerca de 7 polegadas, memória Flash de 1 gigabyte e processador de 500 megahertz. O laptop usará programas escritos em software livre e será compatível com redes sem fio. "O principal entrave para o custo é o preço da tela, e por isso precisamos de escala.
Por isso o Brasil é perfeito para este projeto. Vocês são um país grande", disse Negroponte, cuja organização também tem na lista de principais alvos do projeto China, Tailândia, Egito e Nigéria. A OLPC espera assinar os primeiros acordos de produção do notebook no início do ano que vem, mas Negroponte informou apenas que a primeira leva de 1 milhão de notebooks deve ser produzida de maneira centralizada por China, Coréia do Sul ou Taiwan.
Estudo do governo
A professora do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica de São Paulo (USP), Roseli de Deus Lopes, vê o projeto da OLPC como positivo para melhorar a educação no país, mas aguarda mais detalhes como a produção de conteúdo que atenderá as crianças que receberão o equipamento. "A solução não está de todo ruim, a parte mais difícil é saber se a concepção se adapta à realidade brasileira. É nisso que estamos trabalhando."
Roseli integra o grupo técnico montado pelo governo federal e que analisa o projeto para sua eventual aplicação no país. Segundo ela, há no Brasil cerca de 55 milhões de alunos no ensino básico, a maior parte na rede pública. "O computador não é um instrumento como uma caneta, ele instiga a curiosidade e abre portas para novas possibilidades." Victor Mammana, do Centro de Pesquisas Renato Archer, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), disse após a apresentação de Negroponte que o grupo técnico do governo promove reuniões semanais para discutir a aplicação do laptop de US$ 100 no país.
O governo federal está envolvido em uma série de iniciativas de inclusão digital que vão desde medidas para venda de computadores a preços mais baixos e equipados com software livre a conexão de escolas públicas à Internet. Negroponte informou que prefere não assinar acordos para a distribuição do laptop antes que o produto esteja pronto para fabricação. A expectativa é distribuir de 100 milhões a 150 milhões de unidades da máquina no segundo ano após o início da produção.
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