O Linux, sistema operacional que vem avançando com base na idéia de que o software deveria ser disponível gratuitamente para todos, está subitamente se provando caro, pelo menos para investidores em ações.
Isso se deve ao fato de que a maior distribuidora de software Linux para empresas, a Red Had, registrou a alta mais forte de suas ações em 15 meses, nos dois últimos dias, ultrapassando a marca dos 21 dólares. O movimento ocorreu depois que a empresa anunciou resultados trimestrais fortes e perspectivas de receita otimistas.
A Red Hat fornece atualizações e serviços de apoio para sua versão do Linux, software de fonte aberta que pode ser modificado e copiado livremente. Dizendo que o Linux deixou de ser "um personagem secundário" na tecnologia, Matthew Szulik, presidente-executivo da Red Hat, enfatizou esta semana que sua empresa está amadurecendo e se tornando mais disciplinada.
"Estamos trabalhando com força na execução" disse Szulik. Os analistas aplaudiram os resultados, mas também expressaram cautela quanto à probabilidade de que a Red Hat, empresa que se desenvolveu na Carolina do Norte, longe do Vale do Silício, talvez esteja sendo superestimada.
Na sexta-feira, as ações subiram pouco mais de 1 por cento, para 21,72 dólares na Nasdaq. A alta acumulada do ano já atinge os 61 por cento, com as ações negociadas com vasto ágio em relação à média do mercado.
A Red Hat no momento está sendo negociada a 71 vezes sua receita estimada para 2006, ante índice médio de 26 para a relação preço/lucro dos demais grupos de software incluídos no índice de software Goldman Sachs.
Em comparação, as ações da Microsoft são negociadas com relação preço/lucro de 18. A Red Hat vem registrando avanços muito mais fortes que a Microsoft em suas vendas, ainda que sua base de clientes seja muito menor, o que permite que tenha preço de ação em crescimento.
A Red Hat anunciou que o lucro e o faturamento no segundo trimestre de seu ano fiscal haviam subido ambos em 40 por cento, superando as estimativas médias dos analistas, que disseram que a empresa estava controlando melhor os custos e criando uma força de vendas profissional.
No último trimestre, as vendas da Microsoft cresceram 9,7 por cento. No ano fiscal passado da empresa, encerrado em junho, as vendas cresceram 8 por cento, a menor taxa desde que a companhia colocou suas ações à venda no mercado.
Dos 18 analistas que acompanham a Red Hat, 11 deles recomendam a compra das ações da companhia, enquanto o restante sugere manutenção, segundo pesquisa da Reuters. "Não há realmente outra companhia de software aberto com ações em bolsa", disse a analista Katherine Egbert, da Jeffries & Co.
A concorrente mais próxima da Red Hat, a Novell, está tentando deixar seus negócios com software para redes para se dedicar ao mercado de programas baseados no Linux. As ações da empresa estão sendo negociadas a um valor 82 vezes maior que os lucros projetados para 2006.
Enquanto isso, a Red Hat, que acumula 1 bilhão de dólares em caixa e tem fluxo mensal de receitas de 40 milhões de dólares dá motivos para otimismo entre os investidores. A companhia continua recomprando suas próprias ações e retirando de circulação dívidas conversíveis.
A Red Hat, que começou a ter suas ações negociadas em bolsa em 1999, passou uma trajetória conturbada. Investidores animados pela euforia com o setor de tecnologia e promessa de que um sistema operacional barato poderia desafiar rivais estabelecidos como Sun Microsystems e Microsoft levaram as ações da empresa a um recorde de 151 dólares naquele ano.
Depois disso, as ações caíram para um nível abaixo de 10 dólares com o estouro da bolha da Internet em 2000, sendo negociadas entre 4 e 9 dólares nos dois anos seguintes.
|