O ex-gerente financeiro da Villimpress Indústria e Comércio Gráficos Ltda Luciano Maglia voltou a afirmar, nesta terça-feira, em depoimento à CPI dos Bingos, que existia um esquema de "caixa dois" usado pelo PT nas últimas campanhas eleitorais, que incluiria a confecção de impressos para a campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, segundo a Agência Senado.Segundo Maglia, Juscelino Antonio Dourado, ex-chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, era o principal responsável pelas solicitações de todos os serviços gráficos de campanha durante a gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto e atuava com a ajuda de Donizete de Carvalho Rosa, atual diretor-superintendente do Serviço Federal de Processamentos de Dados (Serpro). Juscelino Dourado, na época, era secretário da Casa Civil.
"A Villimpress emitia boletos bancários em nome de Juscelino Dourado. As notas fiscais dos serviços prestados eram endereçadas à empresa Leão Leão, responsável pela coleta de lixo em Ribeirão Preto, que pagava as contas", contou Luciano Maglia, ao informar que somente em 2002 os serviços gráficos podem ter alcançado a cifra de R$ 300 mil.
Maglia garantiu que a Villimpress, que o está processando judicialmente, chegava a colocar nas notas de serviços as iniciais "PF" - ou seja, "por fora" - o que, segundo ele, caracterizava o "caixa dois".
Indagado pelo relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), se tinha meios de provar as denúncias, Luciano Maglia disse que sim, e chegou a aconselhar a CPI a solicitar a agências dos bancos Nossa Caixa, Nosso Banco, Banco do Brasil, Banco Real e Banespa em Ribeirão Preto o envio de cópias de boletos bancários que, segundo ele, comprovam suas afirmações. O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), informou que irá formalizar o pedido às instituições bancárias.
O senador Tião Viana (PT-AC) tentou desqualificar o depoimento de Luciano Maglia, lembrando que ele responde a processo criminal por desvio de recursos da Villimpress - empresa para a qual trabalhou durante 13 anos -, que pode ter chegado a R$ 4 milhões. Além disso, Tião Viana informou que, apesar de receber salário mensal, como gerente financeiro, de cerca de R$ 1.600,00, Maglia movimentava em quatro contas bancárias mais de R$ 35 mil mensais, além de possuir quatro imóveis e carros considerados caros - todos comprados à vista. O senador Flávio Arns (PT-SC) apoiou as colocações de Viana.
|