Embora a apuração dos votos das eleições internas petistas tenha mal começado, as alas mais esquerda do partido e membros do Campo Majoritário, que representa a situação, dão como muito provável a realização de segundo turno para a escolha do novo presidente nacional da sigla. No dia 9 de outubro, data marcada para a segunda etapa do pleito iniciado neste fim de semana, devem se enfrentar Ricardo Berzoini, do Campo, e uma coalização de apoio a Raul Pont, Valter Pomar ou Plínio de Arruda Sampaio. Os três candidatos de esquerda estavam embolados segundo os primeiros levantamentos, enquanto o primeiro anúncio de apuração parcial deve ocorrer somente ao meio-dia de hoje. No total, há sete candidatos - Ricardo Berzoini, do Campo Majoritário; Raul Pont, da Democracia Socialista; Maria do Rosário, do Movimento PT; Valter Pomar, da Articulação de Esquerda; Plínio de Arruda Sampaio, da Ação Popular Socialista; Markus Sokol, do movimento O Trabalho; e Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, candidato independente. Para que um deles vença já no primeiro turno, terá de somar 50% dos votos mais um.
Fraudes podem dividir esquerda
A denúncia de irregularidades como pagamento de transporte e mensalidades atrasadas de associados do PT por candidatos em São Paulo pode ajudar a dividir ainda mais a esquerda da sigla, ameaçando a desejada coalizão "anti-Campo" em segundo turno.
Candidato independente apoiado pela corrente Ação Popular Socialista (APS), Plínio de Arruda Sampaio já disse que poderá negar apoio a Pomar caso ele se habilite a enfrentar Berzoini em outubro, citando supostas irregularidades envolvendo locais de votação controlados por Jilmar Tatto na capital paulista. Tatto foi secretário da ex-prefeita Marta Suplicy, que apóia Pomar. Caso não manifeste apoio a Valter Pomar, Sampaio deverá ficar neutro na disputa política.
Já Pomar, um dos favoritos para o segundo turno, garante que, na hipótese de não passar para a fase decisiva irá apoiar "automática e imediatamente" o candidato de oposição.
Berzoini busca apoio
Depois de afirmar que sua eleição em primeiro turno era praticamente certa, o situacionista Berzoini confirma a tendência de segundo turno e, se valendo do apoio da atual direção (da qual faz parte como primeiro-secretário) e do governo Lula, diz acreditar em vitória, com apoio de diversas alas do PT.
Na contramão do discurso mais incisivo de seus concorrentes, que centraram ataque nas recentes denúncias de corrupção envolvendo a antiga direção, Ricardo Berzoini garantiu que buscará a composição, dialogando com todas as correntes. Ele descartou a possibilidade de isolamento político decorrente da polarização interna: "Se houver segundo turno, ele vai ter uma outra dinâmica bem diferente do primeiro turno", avaliou, entrevistado pelo jornal O Estado de S.Paulo.
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