A análise preliminar da movimentação financeira da Leão & Leão pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), possível graças à quebra do sigilo bancário e fiscal da empresa, indica saques de valores próximos a R$ 50 mil em conta da mesma no Banespa, em Ribeirão Preto (SP), durante o ano de 2002, sempre nos dias 15, 16 e 17 de cada mês. Não há identificação dos destinatários das retiradas, mas a descoberta pode reforçar suspeita de pagamento de propina à prefeitura do município paulista. Rogério Buratti, ex-vice-presidente da Leão & Leão e ex-assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, acusou o petista de ter recebido R$ 50 mil mensais da empresa durante seu último mandato à frente da prefeitura de Ribeirão (2001-2002). Porém, até o momento, não há qualquer prova que evidencie as denúncias - negadas com veemência pelo titular da Fazenda. A Leão & Leão, por meio do avogado Edson Junji Torihara, afirma que "todas as operações e transações comerciais da Leão & Leão são transparentes e idôneas, não há nada a esconder".
O estudo da conta da Leão & Leão, entregue nesta terça-feira às CPIs dos Bingos e dos Correios, mostra que foram sacados R$ 9,42 milhões por meio de 682 cheques da conta da empresa no Banespa na cidade uma vez comandada por Palocci, entre 15 de janeiro de 2002 e 22 de outubro de 2003. Os saques de cheques em valor próximo de R$ 50 mil somaram, em 2002, R$ 632,3 mil. A empresa está envolvida em denúncias de irregularidades em contratos de coleta de lixo em Ribeirão e outras prefeituras do interior paulista.
A denúncia feita por Buratti há cerca de 10 dias ao Ministério Público de São Paulo envolve Palocci e afirma que o dinheiro seria integralmente repassado à direção nacional do PT. Para avalizar suas suspeitas, Rogério Buratti citou o ex-secretário municipal da Fazenda na gestão Palocci Ralf Barquete, já morto.
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