Brasil tem menor crescimento desde meados de 2003

 

Economia - 01/06/2005 - 10:32:42

 

Brasil tem menor crescimento desde meados de 2003

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A economia brasileira pisou no freio no início deste ano, com o impacto do aumento das taxas de juros e significativa desaceleração dos investimentos. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,3 por cento frente ao quarto trimestre de 2004, ainda escorado pelo setor agrícola. Essa foi a menor taxa desde o segundo trimestre de 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) —que também revisou para baixo a expansão do ano passado. "A agropecuária foi o único setor de atividade que alcançou uma taxa de crescimento positiva, de 2,6 por cento", apontou o IBGE, acrescentando que a indústria recuou 1,0 por cento e o setor de serviços teve queda de 0,2 por cento. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a taxa de crescimento foi de 2,9 por cento —com expansão de 4,2 do setor agropecuário, 3,1 por cento da indústria e 2,0 por cento dos serviços. "As taxas de juros afetam o crescimento e provocam a desaceleração da economia", disse a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. "No quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre já houve uma desaceleração do investimento e agora isso se acentuou. O boom do investimento foi no terceiro trimestre, exatamente quando os juros começaram a subir." Para economistas, os dados do PIB devem contribuir para que o Banco Central interrompa a elevação do juro básico. "O PIB ter avançado 0,3 por cento... mostra que não há mais espaço para alta da Selic", comentou o economista Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O desempenho da economia ficou abaixo da expectativa média de economistas ouvidos pela Reuters na semana passada. A pesquisa apontava expansão de 0,44 por cento em relação ao último trimestre de 2004 e de 3,5 por cento na comparação anual. Na revisão dos dados de 2004, a taxa de crescimento do ano recuou de 5,2 para 4,9 por cento, por conta de mudanças feitas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) nos dados enviados ao IBGE sobre a receita operacional líquida da telefonia móvel. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o crescimento foi de 1,8 por cento no primeiro trimestre do ano passado, de 1,1 por cento no segundo, de 1,3 por cento no terceiro e de 0,4 por cento no quarto trimestre. INVESTIMENTOS EM QUEDA As exportações de Bens e serviços continuaram sustentando o crescimento no primeiro trimestre, com alta de 3,5 por cento frente ao final do ano passado. Já os investimentos recuaram 3,0 por cento, o consumo das famílias caiu 0,6 por cento e o consumo do governo recuou 0,1 por cento. "O que realmente liderou o crescimento de 0,3 por cento foram as exportações líquidas, e o problema é que, se você vê quedas consistentes do investimento na margem, o que você está realmente vendo é que a produção potencial está caindo também, e então o crescimento futuro está comprometido", disse o economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomão. Frente a igual período do ano passado, o investimento cresceu 2,3 por cento. Foi o quinto trimestre com taxa positiva, mas a taxa média de crescimento dos três trimestres anteriores era de 14 por cento. "A queda na taxa de formação bruta de capital fixo foi muito grande", comentou a gerente do IBGE. "No ano passado a economia estava bem... e agora houve uma desaceleração grande na construção civil, na (indústria de) transformação e no investimento. É lógico que isso tem a ver com os juros que começaram a crescer a partir do ano passado." A indústria de transformação e a construção civil representam 80 por cento da indústria. Transformação cresceu 3,6 por cento em relação ao primeiro trimestre do ano passado, mas a taxa média de evolução nos quatro trimestres anteriores era de 7,7 por cento. A construção civil cresceu apenas 0,6 por cento na mesma comparação, sendo que a média dos três trimestres anteriores era de 7,9 por cento. "A economia está desacelerando, esse é um fato incontestável", completou Rebeca Palis, do IBGE. Para o ex-diretor do Banco Central e economista do Itaú Sérgio Werlang, o BC "manteve os juros mais altos que o necessário e por mais tempo que o necessário". "Há cerca de dois meses nós revisamos nossa estimativa para o crescimento do PIB neste ano para 2,5 por cento... eu acho que o mercado irá convergir para números próximos a esse." Na estimativa da consultoria GRC Visão, a economia brasileira deve crescer 3,1 por cento neste ano. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, contudo, disse que o desempenho do primeiro trimestre é compatível com uma taxa de crescimento de 4 por cento em 2005.

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