O presidente do PTB, Roberto Jefferson, divulgou na noite desta segunda-feira que pediu aos integrantes do partido que têm cargos de direção em estatais que peçam demissão nesta terça-feira. A informação foi divulgada pelo próprio deputado após o depoimento de cerca de três horas concedido por ele ao Ministério Público Federal, no qual afirmou que pretende provar não estar envolvido em nenhum esquema de corrupção e garantir que Lula não vai se arrepender de ter confiado nele.
Segundo o deputado, o partido devolverá todos os cargos que ocupa no governo, com exceção do Ministério do Turismo e da presidência do Brasil Resseguros S/A (IRB). De acordo com ele, esses cargos não são de indicação direta do PTB. Serão entregues, acrescentou, cerca de dez cargos, entre eles a presidência da Eletronorte, a diretoria da Eletronuclear e a diretoria da Embratur. "Eu pedi a todos os companheiros que entregassem a carta de demissão", afirmou.
Jefferson afirmou que a decisão do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, também do PTB, de deixar ou não o cargo cabe a ele, já que ele foi escolhido pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O ministro Walfrido foi convidado pelo presidente, não foi indicado por nós. O ministro é um dos maiores ministros do presidente. É uma decisão dele, não é nossa", disse.
Jefferson afirmou que quer mostrar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ele pode se honrar de tê-lo como amigo. "Vou mostrar a ele que ele não vai se arrepender de ter confiado no Roberto Jefferson, mas queremos que isso vá até o fim", disse referindo-se à instalação da CPI.
Quanto ao seu depoimento, Roberto Jefferson disse ter reafirmado ao procurador Bruno Acyoli as informações citadas em discurso na Câmara na semana passada, no qual denunciou um suposto esquema montado por um certo comandante Molina e um coronel Fortuna e que teriam se organizado para cobrar propina e fazer chantagem no governo. Indagado por que não denunciou os dois já que fora procurado por eles, Jefferson disse que não acreditou nas ameaças.
O deputado disse que não ofereceu a abertura de seu sigilo bancário e fiscal, porque eles não pediram e porque prefere tomar tal providência em uma CPI. "Vim depor como testemunha e não como acusado. Eu entendo que essa providência será muito melhor na CPI. Eu prefiro abrir todo o meu sigilo diante de toda a opinião pública nacional. Diante do povo do Brasil, na CPI que nós vamos assinar e eu peço a todos os companheiros de partido que me acompanhem. Não temos o que temer", disse.
O presidente do PTB disse que o procurador não fez perguntas sobre as denúncias de fraudes em licitações no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e afirmou que elas não trazem dados novos e são apenas "maledicências".
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