O dia 25 de novembro de 2002 marca no mundo inteiro o Dia Internacional do Combate à Violência contra a Mulher. Em São Bernardo, o Programa de Atenção à Mulher Vítima de Violência atende mulheres vítimas de violência física, sexual, psicológica ou racial. Este ano, 1.408 mulheres foram atendidas pelo plantão social e encaminhadas para acompanhamento de psicólogas e assistentes sociais. A dependência financeira, a falta de escolaridade e de informação e a condição sócio-econômica são indicadores que revelam o perfil da mulher que sofre violência doméstica. Já o agressor, na maioria dos casos, é dependente de álcool e não tem perspectivas de crescimento profissional e melhoria de renda. O levantamento é baseado nas 32 mulheres atendidas pela casa abrigo e que foram ameaçadas de morte por seu maridos ou companheiros.
Depoimentos de mulheres que estavam deprimidas em conseqüência de violência doméstica revelam melhoria em sua auto-estima, depois de terem sido atendidas pelos serviços de acompanhamento psicológico, social e jurídico oferecidos pela secretaria. O programa atua em contato com a Delegacia da Mulher, onde elas registram queixas de maus tratos sofridos em conseqüência de desavenças com os maridos. Para tratamento médico elas são enviadas à rede municipal de Saúde.
Risco de Vida - Já as mulheres que correm risco de vida são encaminhadas para a Casa Abrigo, mantida pelo programa. O endereço da casa não é revelado por questão de segurança e elas ficam com seus filhos pequenos no local até que a situação seja resolvida na Justiça. Pela casa, que está funcionando desde 18 de maio de 2000, já passaram 32 mulheres e 76 crianças. O imóvel tem capacidade para abrigar até 15 pessoas simultaneamente, entre mulheres e crianças.
Mulheres vítimas de violência contam que, depois de atendidas pelo programa, recuperam o equilíbrio emocional e se sentem fortalecidas para enfrentar a vida novamente. “Antes eu era uma pessoa reprimida com medo de tudo e de todos. Não tinha coragem de tomar atitudes e hoje eu tenho. Eu mudei”, conta Mariana. Este não é o nome real dessa mulher que foi ameaçada de morte pelo próprio marido. Ela encontrou na Casa Abrigo segurança e apoio para se reencontrar com a vida. A casa é uma das ações do programa, que vem resgatando a auto-estima da mulher vítima de violência. “Eu recuperei a minha auto-estima. Eu acho que renasci”, salienta.
O programa se divide em duas partes. A primeira está voltada ao atendimento feito por assistentes sociais e psicólogas, tendo por objetivo garantir orientação e encaminhamento específico para cada caso. A segunda relaciona-se às atividades de caráter educativo e informativo, visando prevenir a violência doméstica por meio de debates, palestras e oficinas de vivência que possam contribuir para a compreensão da dimensão desta questão social.
O divórcio é resolvido com a ajuda do Serviço de Assistência Jurídica Gratuita da Prefeitura porém, nem sempre é a solução. “Muitos casos de reconciliação acontecem porque os maridos também são chamados aqui na secretaria pelas psicólogas. Alguns concordam e também passam a ser atendidos pelo programa”, disse a assistente social Graça Barbieri. Em parceria com entidades assistenciais são tratados os alcoólatras. “Mas não é a bebida o fator determinante nas desavenças dos casais. Os motivos são vários e agravados com os problemas gerados também em conseqüência do desemprego e situação econômica difícil”, comentou Graça.
Em São Bernardo, a data será lembrada no último domingo do mês (dia 24) pelo Programa de Atenção à Mulher em Situação de Violência da Prefeitura. Integrantes do programa realizam, das 9 às 11h, uma campanha de esclarecimento à sociedade sobre o problema, no Paço Municipal, na Praça Samuel Sabatini.
Serão distribuídos materiais de propaganda dos tipos de atendimento prestados à mulher pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania: Casa Abrigo para mulheres em risco de vida, orientação à mulher e ao companheiro, grupos de reflexão para mulheres e atividades preventivas e educativas na comunidade, por intermédio de palestras e oficinas.
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