Filme Garotas do ABC faz retrato humano de operárias

 

Lazer - 05/09/2004 - 16:13:20

 

Filme Garotas do ABC faz retrato humano de operárias

O filme retrata o cotidiano de intenso trabalho, sonhos e ilusões de um grupo de operárias do ABC paulista.

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A personagem central, Aurélia, é fã de Arnold Schwarzeneger e adora homens fortes e musculosos.

A personagem central, Aurélia, é fã de Arnold Schwarzeneger e adora homens fortes e musculosos.

Um trágico episódio confere uma atualidade premonitória a Garotas do ABC, o novo filme de Carlos Reichen-bach, que estreou na última sexta-feira: os atentados contra mendigos no centro de São Paulo. Não que o filme se refira especificamente a algo assim. Mas identifica com clareza o fenômeno do neofascismo que nasce ao redor das grandes cidades, personificado no personagem Salesiano de Carvalho (esplêndida interpretação de Selton Mello), mentor intelectual de ataques contra nordestinos e negros. Esse não é mais do que um detalhe de fundo - ainda que muito bem colocado - neste ótimo trabalho de Reichenbach. Um filme feminino, amoroso com suas protagonistas intensamente humanas e recortadas do universo operário do ABC paulista. As operárias têm todas as cores, idades, tipos físicos e temperamentos, contemplando a extraordinária diversidade do Brasil e da vida em geral, com a naturalidade de uma câmera que se movimenta ao lado delas, em suas casas, na tecelagem em que trabalham, na rua, no ônibus, no Clube Democrático - onde elas dançam no sábado à noite e todo mundo se mistura. Desenvolvendo com um misto de perícia e compaixão suas mulheres, o diretor conta a história de Aurélia (Michelle Valle), a bela negra que namora um neonazista em conflito com seu racismo, e Paula Nélson (Natália Lorda), a decidida supervisora da tecelagem que não tem sorte com os homens. Também há as histórias de Antuérpia (Vanessa Alves), a mais velha do grupo, que luta para recuperar a guarda do filho, e Suzana (Luciele di Camargo), moça que tem no corpo as marcas de uma absurda devoção pelo trabalho e o patrão. Fazem parte da trama Nelinha (Márcia de Oliveira), a menor de idade, Lucineida (Fernanda Carvalho Leite), a rainha dos bailes, Kinuyo Sugawa (Lina Agifu), a nissei brincalhona, e Indalércia (Viviane Porto), a valente. Há homens, claro, mas eles são todos coadjuvantes. Nem por isso são todos desprezíveis como Salesiano - que aliás não é nada maniqueísta, ainda que permaneça vilão. A esta altura da vida e da carreira e com os meios de que hoje dispõe, Reichenbach é um diretor-roteirista (neste último quesito, dividindo os créditos com Fernando Bonassi) inteligente demais para deixar que o menor de seus personagens mergulhe naquele esquema binário de produções apressadas, que acarreta a sua desumanização. Assim, têm sabor também o repórter policial veterano (Ênio Gonçalves), o delegado (Adriano Stuart), o pai de Aurélia (Antônio Pitanga) e seu irmão (Rocco Pitanga). O grande mérito na engenharia poética deste grande filme brasileiro é unir o particular ao coletivo, o familiar ao social, o afetivo-sexual ao político, sem esquecer como a música tempera existências às vezes tão anônimas - embora tão encharcadas de dignidade - quanto as destas operárias. É um destes filmes que ninguém deveria perder. Cada uma das histórias particulares poderia dar um filme. Mas Reichenbach optou por amarrá-las todas num painel múltiplo, desses que tanto encantam Robert Altman, não deixando de trazer para o primeiro plano o protagonismo da vida urbana, da cidade que pulsa por trás de todas estas vidas. Nesta cosmovisão humanista, o diretor fez bonito. No elenco estão Michelle Valle, Fernando Pavão, Vanessa Alves, Ênio Gonçalves, Natália Lorda, Luciele Di Camargo, Rocco Pitanga, Dionísio Neto, Vanessa Goulart e Fernanda Carvalho Leite. Além de Fafá de Belém, o filme conta com as participações especiais de Selton Mello e Vera Mancini. Reichenbach já prepara o segundo filme da série ABC Clube Democrático (o primeiro é Garotas do ABC), “Lucineide Falsa Loura”, sobre o universo da operária têxtil e da mulher proletária que freqüenta programas de auditório populares. O filme, em fase de pré-produção, deverá ser rodado no início de 2005 com seqüências em São Bernardo e Santo André.

A personagem central, Aurélia, é fã de Arnold Schwarzeneger e adora homens fortes e musculosos.

A personagem central, Aurélia, é fã de Arnold Schwarzeneger e adora homens fortes e musculosos.

A personagem central, Aurélia, é fã de Arnold Schwarzeneger e adora homens fortes e musculosos.

A personagem central, Aurélia, é fã de Arnold Schwarzeneger e adora homens fortes e musculosos.

Links

...Continue Lendo...

...Continue Lendo...

Vídeo