Como conciliar uma dieta alimentar, quando se convive em família

 

Mulher - 01/09/2004 - 12:35:43

 

Como conciliar uma dieta alimentar, quando se convive em família

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Poucas hábitos são tão saudáveis para o convívio familiar do que sentarem todos à mesa para uma refeição, devidamente guarnecida por boas conversas, que ajudam a aproximar irmãos, pais e filhos. Mas em plena era do “debate alimentar”, tanta confraternização pode ir abaixo quando pelo menos uma das pessoas da sala de jantar resolve (ou precisa!) entrar de dieta. Aí entram os dilemas: “a comida está sem sal porque seu pai está hipertenso”, “abolimos o feijão com arroz porque eu e sua mãe estamos fazendo a dieta das proteínas”, “não coma a sobremesa na frente da sua irmã porque o médico mandou cortar os doces”. Enquanto isso, a cozinha entra em parafuso, ouvindo reclamações de todos os lados e tentando produzir alternativas para todos os gostos e necessidades. No final das contas, o que era para ser um momento de comunhão familiar, vira uma guerra de paladares. A jornalista Fernanda Mascarenhas mora com a mãe e a irmã mais velha. Abençoada que só, ela é daquele tipo que come um caminhão do McDonald’s e não engorda um quilo. Sorte de que sua família não desfruta. “Minha mãe, depois que separou, entrou na neurose da dieta. Ela só come coisas naturebas, daquelas que não têm gosto de nada. Mas ela tinha o cardápio dela e tinha o nosso, o meu e da minha irmã, que era uma coisa mais normal, mais mista. Mas minha irmã se viu enorme de uma hora para outra e resolveu aderir ao menu da minha mãe. Então ficaram duas contra uma e eu estou sendo obrigada a jantar vagem com alface e a lanchar biscoito de fibra. Quando quero comer um macarrão, uma carne, uma coisa mais substancial, tenho que passar no supermercado, comprar e fazer. É um saco porque eu tenho muito daquelas vontades de comer bobagem e nunca mais teve nada de gostoso em casa. Eu protesto, mas elas não me escutam”, reclama Fernanda, com uma certa razão. Na casa da estudante Lara Ranbaxy, os conflitos diplomáticos da mesa de jantar foram contornados por um “sistema de cotas”. No caso, ela quem teve restrições alimentares por problemas de saúde e acabou se aborrecendo com algumas pequenas torturas que vinham da cozinha. “Eu não estou podendo comer frituras, gorduras e nem doces. E isso pra mim é um inferno, porque eu adoro tudo isso. Aí, eu chego da aula morta de fome, aquele cheiro de lasanha no forno, e eu tenho que comer um frango grelhado muito sem graça, com abóbora. Tudo bem, não é ruim, mas eu ficava passando mal com aquilo”, conta. A solução encontrada pela mãe de Lara foi aprontar pratos para o mês inteiro, em porções individuais e congelá-las no freezer. Cada um faz as refeições na hora em que quiser e reservadamente. O custo foi abolir as refeições em família, além de alguns gastos extras com o supermercado. “Na ponta do lápis, fazer duas refeições diferentes acabou saindo mais caro. Mas é um esquema temporário, vale a pena. Ninguém se aborreceu mais e eu mesmo fiquei mais empenhada em não cair nas tentações”, garante ela. Outra alternativa, para casos de dietas temporárias como no caso de Lara, é arrebanhar a família para uma espécie de spa doméstico. A nutricionista Solange Torino afirma que é possível, em boa parte dos casos, preparar uma dieta coletiva para casos de restrição alimentar. “É claro que cada um tem a sua necessidade nutricional, sobretudo nesses casos restritivos. Mas, para as refeições principais, é possível criar alternativas para satisfazer a todos, mesmo que com pequenos ajustes ao seu paladar, e ainda ter uma vida mais saudável diminuindo uma alimentação rica em gorduras, por exemplo”, garante ela. A psicóloga Patrícia Madruga ressalta também que um pouco de tolerância no tempero do cardápio familiar não faz mal a ninguém. “Compreender que uma pessoa da casa está precisando restringir sua alimentação é também uma forma de incentivo à melhora do estado físico ou de saúde dela. É um horror comer uma comida que todo mundo rejeita, não há ânimo para seguir em frente. Com o apoio da família, tudo fica melhor”, conclui Patrícia.

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