Segundo o cônsul-geral da China no Brasil, Li Baojun, 509 empresários já formalizaram pedidos de visto para acompanhar a comitiva presidencial ao país, cujo índice de crescimento anual, cerca de 8,5%, o coloca entre as economias mais promissoras do mundo. O empresariado demonstra com isso o interesse altamente comercial da visita, que é alentado também pelos anfitriões. “A China tem intenção de aumentar a cooperação com o Brasil e o Mercosul em várias áreas, inclusive no domínio comercial”, garantiu hoje o embaixador Jiang Yuande, num café-da-manhã oferecido à imprensa (brasileira e chinesa). Ele admite que o seu país já avalia a hipótese de estabelecer um acordo de livre comércio com o Brasil. “Mas isso leva um tempo”, avisa.
Para Yuande, os negócios entre os dois países ainda são tímidos se comparados à potencialidade de ambos. “Os empresários brasileiros podem ser mais agressivos”, disse o diplomata, destacando a venda de carne bovina e de café como exemplos de produtos que ainda não foram popularizados no país. O embaixador afirmou que, em seu país, o bife brasileiro é bem menos conhecido que o australiano. “Começamos a importar a carne bovina e vamos comprar provavelmente duas mil toneladas neste ano”, prevê Yuande, deixando claro que a compra poderia ser maior, uma vez que o governo faz campanha para reduzir o consumo da carne suína, por seu alto teor de gordura.
O café brasileiro também foi apontado pelo diplomata como “tímido” no mercado chinês. Jiang Yuande acredita que o café colombiano tem mais propaganda e, por isso, ganha a simpatia especialmente da juventude, que tem mais costume com a bebida. “Nos restaurantes, você compra uma xícara de café a US$ 10 (R$ 30)”, contou o embaixador.
Mesmo sem explorar toda a potencialidade do mercado chinês – o maior em número de consumidores, já que a população chega a 1,3 bilhão – o Brasil tem saldo positivo na balança comercial. No ano passado, essa vantagem foi de aproximadamente US$ 3,7 bilhões, a maior parte em soja, óleo vegetal, pasta de papel, couro e minério de ferro. A soja transgência brasileira é outro produto que recentemente começou a entrar nos portos chineses.
Yuande prevê o crescimento das exportações chinesas para o Brasil nos próximos anos. “Vamos investir na Usina Siderúrgica de São Luís, no Maranhão, e apoiamos os investidores privados a comprarem terrenos no Brasil para o plantio da soja”, comentou, lembrando que, na China, 95% das empresas são de mercado, portanto a exportação é privada.
|