Os Estados Unidos anunciaram em 14 de novembro uma redução nas tarifas recíprocas impostas a partir de abril de 2025 sobre diversos produtos agrícolas, entre eles café, laranja, carne bovina, chá, frutas tropicais e fertilizantes. A decisão, formalizada por ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, tem efeito retroativo a 13 de novembro e visa aliviar os preços para consumidores americanos e rever a política tarifária que vinha impactando exportadores sul-americanos, especialmente o Brasil.
A medida de Trump surge em um contexto de pressão interna devido à alta persistente dos preços dos alimentos nos EUA. A Casa Branca declarou que a redução nas tarifas reflete informações recentes, capacidades internas de produção e as negociações em curso com parceiros comerciais, buscando atender às demandas econômicas domésticas sem prejudicar a segurança alimentar. Segundo o decreto, os produtos isentos incluem café, chá, frutas (banana, laranja, tomate), açaí, cacau, especiarias, carne bovina e alguns fertilizantes, que estavam sujeitos a sobretaxas entre 10% e 50% em função da chamada “tarifa recíproca” anunciada em abril.
O Brasil, maior produtor mundial de café e segundo maior exportador de carne bovina, é apontado como um dos principais beneficiados. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil avaliou que a exceção pode se aplicar à tarifa base e/ou à tarifa adicional, ainda em análise. Já a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes considerou a decisão positiva, destacando que reforça o diálogo técnico e ressalta a importância da carne brasileira para a segurança alimentar global.
Políticos e setores econômicos sul-americanos reagiram com cautela, destacando a necessidade de clareza jurídica e monitoramento dos efeitos práticos. Na Argentina, líderes ligados ao agronegócio aguardam definições para dimensionar os ganhos, enquanto no Congresso dos EUA cresce o debate sobre o impacto das tarifas na inflação e no custo de vida, com pressão para ampliar isenções visando evitar repasses para os consumidores.
A política anterior de Trump impôs tarifas elevadas a parceiros comerciais importantes, incluindo Brasil, União Europeia e China, como parte de uma estratégia para corrigir déficits comerciais. Todavia, a recente revisão demonstra uma mudança pragmática diante das pressões econômicas internas e das complexas relações internacionais. Trump justifica a redução como uma resposta necessária às demandas dos americanos por produtos essenciais a preços acessíveis, preservando a capacidade produtiva nacional e mantendo o equilíbrio das negociações globais.
Esta alteração nas tarifas abre uma nova fase na interlocução entre os Estados Unidos e os grandes exportadores agrícolas da América do Sul, com reflexos diretos nas cadeias produtivas e nos mercados globais de alimentos. O efeito prático da medida dependerá da implementação eficiente, do ajuste nas negociações bilaterais e do impacto no consumo interno americano, fatores que devem ser acompanhados de perto pelas autoridades e pelos agentes econômicos.
(*) Com informações das fontes: Agência Brasil, G1, Poder360, BBC, Reuters, CNN Brasil, Notícias Agrícolas.