O USS Gerald Ford, maior porta-aviões do mundo, chegou ao Caribe nesta terça-feira, integrando uma ampla operação dos Estados Unidos contra o narcotráfico na região. Essa embarcação nuclear de mais de 300 metros pode transportar cerca de 4,6 mil militares e até 90 aeronaves de combate. O navio tem a função principal de ampliar a capacidade dos EUA em monitorar, detectar e neutralizar rotas transnacionais do tráfico de drogas, mas sua presença é vista como expressão de pressão militar inédita na América Latina desde a Guerra Fria.
Além do Gerald Ford, o grupo de ataque americano inclui três destróieres com mísseis guiados, duas fragatas, um submarino nuclear da classe Virginia e cerca de 60 aeronaves, entre caças F-35, aviões de guerra eletrônica e helicópteros MH-60 Seahawk. Ao todo, a força americana conta com a mobilização aproximada de cinco mil militares a bordo dos navios, somando cerca de 10 mil homens em atividades terrestres, aéreas e marítimas distribuídas na região do Caribe e Porto Rico.
Para o governo dos Estados Unidos, a mobilização visa combater organizações criminosas transnacionais, “inibir o tráfico de drogas e garantir a segurança no Hemisfério Ocidental”. No entanto, a manobra provoca uma forte reação do governo venezuelano, que considerou o movimento como uma provocação bélica. O presidente Nicolás Maduro ordenou mobilização massiva das Forças Armadas da Venezuela, incluindo tropas regulares, milícias populares e apoio logístico de todas as forças armadas e estima-se que cerca de 200 mil venezuelanos estejam em prontidão para resposta.
Esse contexto vem gerando tensões entre líderes sul-americanos. Enquanto alguns países do Caribe expressam apoio tácito à presença americana, outros concordam na necessidade de evitar intervenções externas e valorizam a diplomacia para evitar escaladas militares. No caso do Brasil, o governo reitera a defesa da soberania regional e busca fortalecer canais diplomáticos para evitar desdobramentos que possam desestabilizar o continente.
No plano estratégico, o USS Gerald Ford representa o ápice da capacidade naval americana, rodando com o sistema eletromagnético para lançamento de aeronaves e sendo capaz de permanecer em alta operação por décadas sem necessidade de reabastecimento. A presença do grupo naval no Caribe demonstra a disposição dos Estados Unidos de manter superioridade e influência em uma região que considera estratégica para seus interesses. Analistas alertam para o cuidado que deve ser tomado para que a demonstração de força não evolua para confrontos diretos, o que poderia desencadear crises imprevisíveis.
A operação liderada pelo USS Gerald Ford fortalece o foco americano no combate ao narcotráfico, mas também realça o cenário de disputa política e militar que permeia o Caribe atualmente. O desenrolar dessa crise exige atenção internacional, pois as decisões tomadas nas próximas semanas poderão impactar a estabilidade da América Latina como um todo.
(*) Com informações das fontes: G1, Poder360, Jovem Pan, Brasil247, Naval, BBC, CNN Brasil, Veja, Carta Capital, NSC Total.