ANCHORAGE, ALASCA, 15 de agosto de 2025. O mundo assiste com apreensão à cúpula entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, que acontece hoje em Anchorage, no Alasca. A reunião, batizada por alguns analistas de "o Encontro do Fim do Mundo", marca um momento decisivo na política internacional, com os líderes das duas maiores potências nucleares buscando uma resolução para a guerra na Ucrânia. O local, a Base Conjunta Elmendorf-Richardson, no Alasca, é simbolicamente poderoso: a apenas 80 quilômetros de distância do território russo. A escolha do cenário, um ponto estratégico de defesa aérea dos EUA na Guerra Fria, não é coincidência, mas uma demonstração de força e de pragmatismo por parte de Washington.
A iniciativa de convocar a reunião partiu de Trump, que, desde a sua reeleição, tem defendido publicamente a necessidade de negociar diretamente com Putin para encerrar o conflito que já dura anos. A cúpula, no entanto, é vista com ceticismo por aliados da OTAN e pela própria Ucrânia, que temem que um acordo seja costurado às custas de concessões territoriais e do esvaziamento das ambições de Kiev de se juntar à aliança militar ocidental.
O encontro de hoje é o ápice de meses de negociações de bastidores. Em março de 2025, os EUA suspenderam temporariamente a assistência militar e o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, acusando o governo de Volodymyr Zelensky de falta de comprometimento com as conversas de paz. Essa medida, seguida de uma série de encontros bilaterais, abriu o caminho para a cúpula no Alasca.
A pauta oficial inclui discussões sobre o conflito na Ucrânia, segurança nuclear e as relações comerciais e econômicas entre os dois países. No entanto, a expectativa é que o foco seja total na guerra, com Trump buscando um acordo para cumprir sua promessa de campanha de "resolver" o conflito em 24 horas. O presidente americano, no entanto, já moderou o seu discurso, descrevendo a reunião como "um primeiro encontro para sentir o terreno". Já o Kremlin, por meio de seu porta-voz Dmitry Peskov, foi cauteloso, alertando que seria um erro prever o resultado da cúpula.
A ausência de um acordo imediato não é uma surpresa. As demandas de ambos os lados para um cessar-fogo estão a anos-luz de distância. Enquanto a Rússia busca consolidar seus ganhos territoriais e garantir a neutralidade da Ucrânia, o governo de Kiev insiste na retirada total das tropas russas e na restauração da sua soberania territorial, e se recusa a ceder qualquer centímetro de território.
A Nova Ordem na Geopolítica Global
A semana de 15 de agosto de 2025 ficará marcada na história como um período de profunda incerteza e redefinição das alianças globais. A cúpula Trump-Putin é o reflexo de uma tendência crescente de pragmatismo e bilateralismo na política externa americana. O "America First", slogan da campanha de Trump, se traduz na prática em uma abordagem que prioriza os interesses nacionais diretos e não hesita em negociar com adversários para alcançar seus objetivos.
O fator mais influente para o cenário atual foi a reeleição de Donald Trump e a subsequente mudança na política externa dos EUA. Sua insistência em negociar diretamente com a Rússia, em detrimento de uma abordagem multilateral com os aliados europeus, criou uma fenda na coesão da OTAN. A perspectiva é que, mesmo que a cúpula no Alasca não produza um acordo concreto, ela já alterou o tabuleiro geopolítico.
A Europa, por sua vez, foi forçada a acelerar seus planos de rearmamento e de fortalecimento da sua própria defesa, como resposta à percepção de um menor comprometimento dos EUA com a segurança do continente. Essa autonomia estratégica, antes apenas um ideal, agora se torna uma necessidade urgente. A cúpula também reacendeu o debate sobre o futuro da OTAN e o papel dos EUA na aliança.
A Casa Branca informou que a cúpula será realizada às 11h, no horário do Alasca – 16h de Brasília.
Quadro comparativo da cúpula e das posições
Tópico |
Posição dos EUA (sob Trump) |
Posição da Rússia |
Posição da Ucrânia |
Objetivo |
Negociar um acordo de paz para encerrar o conflito na Ucrânia. |
Garantir a neutralidade da Ucrânia e consolidar ganhos territoriais. |
Retirada total das tropas russas e restauração da integridade territorial. |
Paz imediata |
Possível, mas não garantido. "Um primeiro encontro para sentir o terreno." |
Cauteloso, mas aberto a um acordo. Não há planos para a assinatura de documentos. |
Inacreditável. Considera a posição russa "manipuladora" e busca a vitória total. |
Territórios |
Disposto a discutir a "troca de territórios" para um acordo de paz. |
Deseja manter o controle sobre os territórios ocupados. |
Nenhuma concessão territorial. Ocupação é ilegal e deve ser revertida. |
Relações bilaterais |
Oportunidade para retomar o diálogo e a cooperação. |
Enfatiza o "enorme potencial inexplorado" nas relações comerciais e econômicas. |
Temores de um acordo feito às suas custas, sem sua participação ativa. |
Status da Ucrânia |
Sem apoio a uma adesão imediata à OTAN. Considera a neutralidade como uma possibilidade. |
Veta veementemente a adesão da Ucrânia à OTAN. |
A adesão à OTAN é um objetivo estratégico e uma garantia de segurança futura. |
Tabela de Informações da Reunião
Detalhe |
Informação |
Local |
Base Conjunta Elmendorf-Richardson, Anchorage, Alasca. |
Data |
15 de agosto de 2025. |
Participantes |
Presidente dos EUA, Donald Trump, e Presidente da Rússia, Vladimir Putin. |
Principal Pauta |
Guerra na Ucrânia e segurança nuclear. |
* Com informações das fontes: Associated Press, The Guardian, CBS News, The Hindu, Center for Strategic and International Studies (CSIS), Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa.