"> Montadoras pressionam Lula: milhares de empregos podem desaparecer se governo favorecer importações da China

 

Autos - 29/07/2025 - 11:00:15

 

Montadoras pressionam Lula: milhares de empregos podem desaparecer se governo favorecer importações da China

 

Da Redação .

Foto(s): Divulgação / Ricardo Stuckert / PR

 

Montadoras alertam Lula sobre risco de demissões com incentivos aos carros da China. Decisão pode impactar empregos e a indústria automotiva.

Montadoras alertam Lula sobre risco de demissões com incentivos aos carros da China. Decisão pode impactar empregos e a indústria automotiva.

As principais montadoras instaladas no Brasil enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para expressar preocupação com a possibilidade de o governo adotar medidas que favoreçam a importação de veículos semi desmontados da China. O alerta foi feito por Toyota, Volkswagen, General Motors e Stellantis, que temem a perda de competitividade diante da expansão da chinesa BYD.

De acordo com as empresas, um eventual benefício à importação de veículos no modelo SKD, sigla para "semi knocked down", poderá provocar cortes profundos no setor automotivo nacional. As montadoras estimam que, caso a medida seja aprovada, ao menos R$ 60 bilhões deixarão de ser investidos no Brasil até 2030. Isso representa cerca de um terço do volume de R$ 180 bilhões já anunciados pelas montadoras para os próximos cinco anos.

O impacto sobre o emprego também é expressivo. A carta enviada ao governo afirma que cinco mil funcionários atualmente empregados nas fábricas correm risco de demissão imediata. Além disso, aproximadamente dez mil vagas que seriam criadas com os investimentos previstos poderão ser canceladas. A cadeia de autopeças, que depende diretamente da produção local, também seria afetada, ampliando o número de demissões para até cinquenta mil trabalhadores em todo o setor.

As montadoras afirmam que o modelo SKD, por envolver apenas a montagem de veículos já prontos, limita a geração de valor no país e reduz a participação de fornecedores brasileiros. Elas alertam que, ao contrário do que se costuma afirmar, esse modelo não representa uma etapa temporária da industrialização, mas sim um padrão que tende a se consolidar, prejudicando o desenvolvimento da indústria automotiva nacional.

A carta foi encaminhada ao presidente Lula, ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, e ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Alckmin tem papel decisivo na discussão, especialmente porque a nova fábrica da BYD está sendo instalada na Bahia, estado onde ele tem forte influência política.

“Essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra”, constava da carta enviada ao presidente.

O tema será debatido no âmbito do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), que se reúne em 30 de julho para analisar pedidos de redução das alíquotas de importação de veículos no formato CKD e SKD. Atualmente, os veículos elétricos e híbridos importados nesses formatos pagam entre 18% e 20% de imposto. A proposta em análise prevê cortar essa taxa para 5% e 10%, o que, na prática, facilitaria a montagem de veículos chineses no Brasil com custos menores.

 

Na primeira quinzena de abril de 2025, no Grande Palácio do Povo, Lula teve encontro com presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji. Segundo a Presidência da República, eles trataram da parceria estratégica entre Brasil e China, da ampliação de fluxos de comércio entre os países e do equilíbrio da geopolítica mundial.

(Fonte: Abr em 14 de abril de 2023)

Em Entidades como a Anfavea, que representa as montadoras no país, além da Abipeças e do Sindipeças, também se manifestaram contra a redução dos tributos. Essas instituições argumentam que o incentivo à montagem de veículos quase prontos pode transformar o Brasil em uma plataforma de montagem de baixo valor agregado, sem estímulo à inovação e com impactos negativos sobre empregos qualificados.

A BYD, uma das principais fabricantes de carros elétricos da China, já vende veículos no Brasil e avança rapidamente em participação de mercado. No primeiro semestre deste ano, a empresa alcançou mais de 5% do total de emplacamentos de veículos leves no país. No segmento de carros totalmente elétricos, sua participação supera 80%. Para as montadoras tradicionais, esse avanço representa uma ameaça concreta, especialmente se vier acompanhado de benefícios fiscais exclusivos.

O setor teme que, sem regras claras e equilibradas, o Brasil perca sua base industrial e acabe por se tornar um país dependente de produtos prontos, sem capacidade de gerar tecnologia própria. As montadoras pedem previsibilidade nas políticas públicas e alertam que decisões equivocadas neste momento podem comprometer a sustentabilidade da indústria automotiva nacional nos próximos anos.

* Com informações das fontes: Poder360, Gazeta do Povo, Motor1, Quatro Rodas, R7, Anfavea, documentos oficiais das montadoras, dados da Gecex-Camex.

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