A seleção brasileira pentacampeã do mundo recebeu na última quinta-feira críticas generalizadas dos comen-taristas de futebol, que classificaram de “burocrática” e “decepcionante”, entre outros adjetivos, a atuação de seus jogadores no empate em 0-0 com a China, na véspera, em Guangzhou. Torcida e imprensa esperavam uma apresentação de gala do Brasil, na volta de Carlos Alberto Parreira ao comando técnico da seleção. Um colunista de jornal descreveu o jogo – que enfureceu clubes europeus por terem sido obrigados a liberar seus jogadores brasileiros – como uma “pelada caça-níqueis na China”, enquanto um comentarista de televisão comparava os atletas a funcionários públicos.
“É um pouco como os burocratas que penduram o paletó no encosto da cadeira e deixam o computador ligado para fingir que estão trabalhando”, disse Galvão Bueno, da Rede Globo de Televisão. O jornal O Estado de São Paulo classificou a atuação brasileira de “burocrática, desinte-ressante e completamente sem criatividade”, queixando-se ainda de que o time foi “extremamente lento” e acrescen-tando que o primeiro tempo foi de puro “tédio”.
O diário esportivo Lance afirmou que a partida teve “um início apático”, en-quanto o jornal O Globo também tachava a atua-ção brasileira de “buro-crática”. Os comenta-ristas esportivos critica-ram também a Confe-deração Brasileira de Futebol (CBF), que recebeu, supostamente, mais de um milhão de dólares pelo amistoso – um dos “cachês” mais altos da história do futebol –, por aceitar o convite para jogar na China.
Parreira, que levou o Brasil ao tetracampeonato mundial, em 1994, e está iniciando mais uma passagem pela seleção, atribuiu a atuação de seus jogadores ao cansaço e à falta de treinamento. “Nós enfrentamos uma equipe extremamente motivada, que vinha se preparando para o jogo desde janeiro, enquanto nós só tivemos uma única sessão de treinos antes da partida”, tentou justificar-se o treinador. “Mas eu acho que valeu como um teste e uma experiência”.
“Todos querem ganhar de nós; esses jogos são difíceis para nós”, acres-centou Parreira, que antes do amis-toso havia declarado que este seria o “primeiro passo rumo ao hexa”.
Um “bom resultado”
Rivaldo, que participou do jogo, concordou com o veredicto de seu novo técnico. “Os jogadores sabiam que ia ser difícil”, disse. “O empate foi um bom resultado”. Já o capitão do pentacampeonato, Cafu, preferiu olhar para o futuro. “É o começo de uma longa jornada”, disse o jogador, veterano de três Copas do Mundo e que espera participar da próxima, em 2006, na Alemanha. O próximo compromisso do Brasil será um amistoso, no dia 29 de março, contra a seleção portuguesa, na cidade do Porto.
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