O governo Lula corre o risco de se deixar contaminar pela infiltração dos marqueteiros que não perceberam que “golpes publicitários” que mais o prejudicam que o favorecem
Paradoxalmente o governo Lula vai bem onde todos esperavam que ele não fosse e não vai bem onde a expectativa geral era que ele fosse bem. Sem dúvida, a área econômica está sendo dirigida com sensatez e, até aqui, com surpreendente equilíbrio. E prova maior que é assim é o fato que os esquerdofrênicos do PT fazem a ela um feroz ataque de alto teor colérico acompanhado de choros histéricos da senadora Heloísa Helena, da terra das Alagoas.
O que parece faltar neste momento ao governo Lula é uma visão mais organizada do país que ele passou a dirigir e uma certa humildade para conter o ímpeto de querer reinventar a roda. O programa Fome Zero, por exemplo, está bastante contaminado pela infiltração dos marqueteiros do governo e que segundo nosso entendimento cometem um erro estratégico que pode ser péssimo para o governo.
O programa deveria ser lançado com mais modéstia e em menor escala e na medida que fosse tendo sucesso (por enquanto apenas uma hipótese), aí sim, poderiam ser convocados os marqueteiros de plantão para os alaridos e trompetadas triunfalistas. (Por infelicidade tem sido o próprio ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, o recordista de gafes quando trata de sua área. A última foi associar o banditismo de São Paulo aos nordestinos que lá vivem, ou subvivem.
Quem não viu José Genoíno, na campanha para governador, levar tiros em um carro blindado, ou mesmo, quem não sabe que o próprio Lula é um migrante nordestino?
De outro lado, Guaribas, no Piauí, símbolo da Fome Zero, pode sofrer intervenção se for acolhido o pedido do Ministério Público que identificou no município contas irregulares, além de outros descalabros administrativos). Agora mesmo, para anunciar 14 medidas corriqueiras, o presidente convocou uma reunião ministerial que durou 9 horas e para a qual foi montada uma grandiloqüente encenação.
As 14 medidas que antes de reveladas foram incubadas num clima de suspense, que poderiam sugerir decisões heróicas e salvadoras, na verdade são, quase todas, triviais, o que não quer dizer dispensáveis. Combater a exploração sexual de menores no Carnaval, aumentar o efetivo da Polícia Rodoviária Federal em 10%, prorrogar o prazo para financiamento do sorgo e outras medidas mais de baixos teores, fazem parte do elenco anunciado com pompa e circunstância pelo presidente e seu ministério.
Os responsáveis pela comunicação do governo não devem ter percebido que o Brasil mudou muito e que “golpes publicitários” como este último mais prejudicam que favorecem a imagem do presidente.
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