Em uma iniciativa inédita e polêmica, a MSN decidiu que vai simplesmente acabar com suas salas de chat em 28 dos 34 países onde o serviço é oferecido. O motivo: tentar conter a onda de crimes contra crianças que têm como ponto de partida as salas de bate-papo na web.
As mudanças valem a partir do dia 14 de outubro, informou a Microsoft, e afetam principalmente os usuários europeus, asiáticos, latino-americanos e do Oriente Médio. "Como um líder responsável, sentimos que era necessário fazer esta mudança, porque o chat está sendo usado cada vez mais de forma errada", disse a empresa.
Vão permanecer no ar apenas os chats MSN dos Estados Unidos, Japão, Brasil, Nova Zelândia, Austrália e Canadá. Mesmo assim, estas salas terão uma certa restrição de acesso. Por exemplo: nos Estados Unidos, só entra no bate-papo quem for assinante do serviço do MSN, pessoas de quem a empresa tenha o número do cartão de crédito - para "facilitar a localização de quem violar as regras de uso do chat", segundo a Microsoft. Não haverá moderação das salas naquele país.
No Brasil e na Nova Zelândia, as salas de bate-papo contarão com monitoramento 24 horas por dia para coibir abusos. No Canadá, Austrália e Japão, os usuários devem ser assinantes pagantes e haverá moderador nas salas.
Segundo Andréa Flecha de Lima, gerente de programação e conteúdo da MSN Brasil, muda por aqui também a política para criação de salas: o usuário não pode mais abrir sua própria sala, apenas as gerenciadas diretamente pela MSN ficam no ar. Andréa conta, ainda, que o país não entrou na lista de chats a serem fechados porque o serviço sempre contou com a ajuda dos usuários, que denunciam abusos - e as salas que forem denunciadas serão fechadas.
O que não falta por aí são notícias de crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual ou até foram mortas por pessoas que elas conheceram nas salas de chat. O curioso é que a maioria dos crimes noticiados ocorreu em solo americano, onde o serviço será mantido no ar. Outro problema envolvido na questão é o dos spammers, que usam o serviço para coletar dados e endereços de e-mail dos freqüentadores.
Mal a notícia foi divulgada e outras empresas de internet já reagiram à decisão da Microsoft. A Lycos, do Terra, disse à BBC que a atitude da MSN foi "irresponsável" e que pode fazer com que as crianças tenham medo de entrar em outras salas de bate-papo na web. As entidades de defesa das crianças, por outro lado, louvaram a iniciativa da MSN como uma "ação momentênea" para resolver o problema.
A Microsoft não informou se e quando pretende colocar os chats que serão fechados no ar novamente. As informações sobre o procedimento serão publicadas nos sites da MSN em cada país. O uso do MSN Messenger continua liberado, já que possui ferramentas para o controle e restrição de quem participa das conversas.
|