O presidente palestino Yasser Arafat condenou neste sábado a ameaça israelense de levá-lo ao exílio, qualificando-a de desejo de destruir a independência palestina, e apelou por intervenção internacional.
Israel citou legítima defesa como justificativa para a medida do gabinete de segurança, que na quinta-feira decidiu "remover" Arafat depois de dois ataques suicidas, a mais recente onda de violência em três anos de levante palestino nos territórios ocupados da Cisjordânia e Faixa de Gaza.
"O perigo refere-se à determinação de Israel de cancelar o parceiro palestino e a Autoridade Palestina", disse Arafat a diplomatas que o visitaram em seu quartel-general de Ramallah, lembrando do 10o aniversário dos acordos interinos de Oslo, que deram aos palestinos uma autonomia limitada.
Arafat disse estar comprometido com a última proposta do "mapa da paz", plano liderado pelos Estados Unidos, que prevê a criação do Estado palestino. "Tudo isso requer uma pressão da comunidade internacional sobre Israel para que essa política seja revertida."
Com apoio dos Estados Unidos, Israel acusa Arafat de fomentar a violência militante -- acusação que ele nega. Mas Washington não quer que o líder de 74 anos seja exilado, temendo que isso coloque um fim ao já ameaçado "mapa da paz".
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ecoou as preocupações norte-americanas na sexta-feira.
Abalado com o grande número de ataques suicidas e outros ataques na revolta que irrompeu em setembro de 2000, Israel mantém-se firme.
"Nenhum país permitiria que outros lhe dissessem como proteger seus cidadãos", disse Raanan Gissin, porta-voz do primeiro-ministro Ariel Sharon. "Arafat é um líder terrorista. Não temos nenhuma guerra com o povo palestino e suas aspirações."
PROTESTOS
Palestinos de todos os lados dos territórios manifestaram-se em favor de Arafat e prometeram defendê-lo com suas vidas.
Protestos similares de palestinos refugiados também ocorreram no Líbano e Jordânia.
"A decisão criminosa feita pelo gabinete israelense vai além de todas as expectativas. Há apoio espontâneo (para Arafat) pelo povo palestino", disse o ministro das Relações Exteriores palestino Nabil Shaath.
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