Palestinos mobilizam-se contra ameaça de exílio a Arafat

 

Internacional - 12/09/2003 - 09:09:16

 

Palestinos mobilizam-se contra ameaça de exílio a Arafat

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Israel enfrenta hoje a indignação internacional por causa da decisão de "remover" o presidente palestino, Yasser Arafat, uma ameaça que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas em sua defesa. "A decisão de ontem transformou Arafat em um herói, e isso é uma vergonha," escreveu o comentarista Roni Shaked no maior jornal de Israel, o Yedioth Ahronoth. Considerando Arafat um obstáculo à paz, mas sob pressão dos Estados Unidos para não exilá-lo, depois de dois atentados suicidas que mataram 15 israelenses na terça-feira, o gabinete israelense prometeu na quinta-feira "removê-lo", de uma maneira "que será determinada separadamente". Essa terminologia deixa em aberto opções que incluem o assassinato de Arafat -- proposta que, segundo os jornais israelenses, foi levantada pelo ministro da Defesa, Shaul Mofaz, mas descartada pelo primeiro-ministro Ariel Sharon -- ou sua expulsão dos territórios palestinos. Fontes próximas ao governo disseram que o gabinete pediu ao Exército que atualize os planos para exilar Arafat, mas não imediatamente. "Exilar Arafat não ajuda a situação. Não é a solução. Tudo isso só lhe dá um palanque internacional no qual continuará sendo um obstáculo à paz", disse uma fonte da Casa Branca, que pediu anonimato. Por outro lado, a ação contra Arafat poderia ajudar Sharon a recuperar parte da sua popularidade, que está em queda. Pesquisa publicada hoje pelo Yedioth Ahronoth mostrou que 66 por cento dos israelenses acham que o governo está agindo de forma errada contra o "terror palestino". Para 37 por cento, Arafat deveria ser morto, e 23 por cento querem sua expulsão. MANIFESTAÇÕES EM RAMALLAH Milhares de palestinos se reuniram na quinta-feira na frente da sede da Autoridade Palestina, em Ramallah (Cisjordânia), onde Arafat está confinado há 21 meses. A multidão pretendia defender o presidente com sua própria vida. Em outras cidades da Cisjordânia, também houve manifestações com milhares de participantes. Radiante, Arafat mandou beijos e fez o V da vitória com os dedos. "Vocês são um bravo povo, meus queridos. Abu Ammar continua aqui", afirmou ele, usando o seu nome de guerra. Indicado para o cargo de primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie reagiu às ameaças suspendendo o processo de formação do gabinete e dizendo que a expulsão de Arafat iria "explodir" o Oriente Médio. "Se essas políticas israelenses continuarem contra Yasser Arafat, não creio que haja sentido em formar um governo ou fazer qualquer esforço para tentar controlar a situação", disse Qurie à televisão Al Jazeera. Israel e os Estados Unidos acusam Arafat de fomentar a violência ao longo dos três anos de rebelião palestina. Ele nega, mas mesmo assim já foi isolado das negociações de paz mediadas por Washington. De todo modo, Sharon vem resistindo às propostas de expulsão, temendo que com isso Arafat atraia solidariedade internacional. Aparentemente, isso já começou a acontecer na quinta-feira. "Não seria sensato expulsá-lo", disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Para o presidente francês, Jacques Chirac, Arafat é "o legítimo representante da Autoridade Palestina, e seria um grave erro tentar eliminá-lo politicamente". A União Européia disse que o exílio de Arafat aumentaria a tensão entre palestinos e israelenses. Para a Rússia, a expulsão "drenaria a perspectiva de um acordo pacífico".

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