Em meio às críticas que os projetos sociais do governo vêm recebendo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente nesta segunda-feira (08) um programa que promete erradicar o analfabetismo do País até 2006 e, mais uma vez, escalou a sociedade para participar da ação.
"O problema de alfabetizarmos o Brasil é um problema muito menos de dinheiro, muito menos de recursos, de ausência da sala de aula ou de educadores e muito mais da disposição política de alfabetizarmos o nosso País", disse o presidente durante a cerimônia de lançamento no Palácio do Planalto.
O programa Brasil Alfabetizado foi iniciado na prática há quase nove meses e já alfabetizou, nas contas do governo, mais de um milhão de pessoas em 1.768 municípios.
As projeções do governo prevêem que até o fim do ano mais um milhão de pessoas deverão ser alfabetizadas e até o fim do mandato, 20 milhões.
De acordo com um estudo do governo divulgado no primeiro semestre deste ano - o Mapa do Analfabetismo - o Brasil tem hoje 16 milhões de pessoas maiores de 15 anos que não sabem ler e escrever um bilhete simples.
"Não prometemos alfabetizar mais (pessoas), nos comprometemos a alfabetizar todos", disse o ministro da Educação, Cristovam Buarque, em discurso anterior ao do presidente.
AÇÃO - A idéia do governo é mobilizar a sociedade e promover a educação básica de jovens e adultos por meio de cursos rápidos fornecidos por alfabetizadores, que não precisam ser necessariamente professores.
Pelo programa, que firma convênios com empresas, prefeituras, governos estaduais, ONGs e organizações religiosas, o governo federal repassa 80 reais por alfabetizador capacitado e mais 15 reais por mês por aluno alfabetizado - um investimento de 74 milhões de reais este ano.
O Brasil Alfabetizado também prevê convênios com universidades públicas e privadas. Segundo o ministro, os alunos das universidades públicas que auxiliarem na alfabetização ganharão créditos em sua carga horária e os das faculdades privadas terão redução da mensalidade durante os meses em que participarem do programa.
"Nós temos que adotar esta política quase como se fosse uma campanha de vacinação em massa, onde o vírus que nós queremos matar é o analfabetismo", disse o presidente.
Como parte da grande campanha na qual pretende engajar a sociedade civil, Lula também sugeriu ao ministro criar a "semana da alfabetização" e prêmios de incentivo aos prefeitos que erradicarem o analfabetismo dos municípios que administram.
O presidente pediu que a alfabetização se torne uma "profissão de fé" dos brasileiros.
De acordo com um estudo divulgado pela Unesco (órgão da Organização das Nações Unidas dedicado a programas de educação) o Brasil está entre os países mais populosos do mundo que mais fez progressos em termos de erradicação do analfabetismo. A pesquisa mostra que, entre 1991 e 2000, a taxa de alfabetização no país cresceu 6 por cento, de 80 para 86 por cento.
Apesar de estar em prática desde o início do ano, o programa terá mais publicidade a partir de agora.
Nas duas torres do Congresso, foram instaladas duas bandeiras do Brasil com assinaturas que simbolizam os brasileiros já inscritos no programa. As bandeiras pesam 2,6 toneladas e têm 87 metros de altura, ocupando a extensão das torres.
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