De uma coisa o presidente Lula da Silva não pode se queixar: a de falta de apoio da sociedade brasileira neste seu início de governo.
Um apoio amplo e significativo desde a mídia nacional que tem sido - até exageradamente - favorável às suas iniciativas, dos partidos políticos que estiveram fora da aliança que o elegeu (muito por fisiologismo, é verdade) se mostram dispostos a cooperar, do FMI que é só elogios, do Banco Mundial que promete créditos, dos países europeus que aplaudem seus pronunciamentos e até os Estados Unidos, há décadas vergastados pela turma petista, têm demonstrado surpreendente simpatia pelo presidente Lula da Silva.
É visível seu estado nirvânico e vive, talvez, o seu melhor momento de epifania política. Todos os brasileiros desejam que seja longa e duradoura sua lua de mel com o poder e que receba ao longo de seu mandato os apoios de que necessita para empurrar a nação para a frente e para o alto, para usar o famoso slogan de Ademar de Barros, o impagável líder populista dos anos 50. Todavia, a história, a nossa e a de outros povos, está repleta de exemplos de luas de mel que não duram muito. Claro que inteligentzia petista sabe disso e por isso mesmo tem pressa em realizar pelo menos alguns de seus projetos mais cultivados nestes anos todos em que perseguiram o poder.
Mas, há uma pedra no meio do caminho, como no poema de Drummond: o desemprego.
O IBGE tem duas pesquisas, a Pesquisa Nacional por Domicílios, PNAD (os dados do ano 2001 são os mais recentes) e a Pesquisa Mensal de Emprego, PME (os dados são de dezembro de 2002) e deixando de lado questões metodológicas mais sofisticadas, seria possível concluir que 10% da população economicamente ativa brasileira está sem emprego. (Nas nossas 6 maiores capitais é de mais ou menos de 2,2 milhões o número de desempregados). As pessoas sensatas sabem que não basta vontade política e impulsos generosos para que empregos sejam criados. A dura realidade é que dificuldades econômicas externas e internas compõem hoje um quadro que deixa pouco espaço de manobra para que o governo possa desenvolver ações que resultem em maior empregabilidade.
Que ninguém espere grandes mudanças neste ano de 2003, pois as limitações objetivas para o crescimento não são removíveis por decisões voluntaristas. A questão é saber até quando vai a lua de mel em um cenário de tormentosas dificuldades.
2004, entretanto, pode apresentar um quadro muito negativo para Lula e para o PT que pretende ocupar a cadeira das principais prefeituras no país, inclusive a de São Bernardo, moradia oficial do presidente Lula.
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