Economia fechou 2o tri em recessão, mas pior já passou

 

Economia - 29/08/2003 - 22:06:03

 

Economia fechou 2o tri em recessão, mas pior já passou

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Abatida por uma forte queda na atividade industrial, a economia brasileira encolheu mais que o esperado no segundo trimestre, indicando que o país entrou em recessão. Mas analistas e empresários acreditam que o pior já passou e uma gradual e modesta recuperação está a caminho. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,6 por cento no trimestre encerrado em junho em relação ao trimestre anterior, e encolheu 1,4 por cento na comparação com o mesmo período de 2002, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. A última vez que o PIB mostrou queda de tamanha magnitude foi no quarto trimestre de 1998, quando o Brasil enfrentava uma séria crise financeira na esteira do colapso da economia russa. "Claramente isso é um reflexo da política monetária fortemente restritiva, acima do necessário...Passamos da estagnação para recessão", comentou Alexsandro Agostino Barbosa, economista da Consultoria Global Invest. Economistas em geral consideram dois trimestres consecutivos de queda do PIB como uma definição de recessão. Para conter um surto inflacionário, decorrente da forte desvalorização do real no ano passado, o governo elevou os juros de outubro até fevereiro para 26,5 por cento ao ano. A partir de junho, com a economia dando sinais de profunda fraqueza e alguns índices de preços mostrando deflação, o governo deu início a cortes da taxa básica para os atuais 22 por cento ao ano. A expectativa é que, com a contínua queda dos juros, a economia retorne ao terreno positivo no segundo semestre. "Eu fiquei surpreendido com este número (do PIB)... ele é consequência dessa evolução dos juros altos, mas já temos indícios de que a economia está se recuperando", disse Jorge Gerdau, presidente do Grupo Gerdau. Para o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, o pior ficou para trás, embora ele acredite que ainda não há razões para grandes sinais de melhoria no segundo semestre. "Esperamos que o ano que vem seja melhor", disse o empresário do setor têxtil, filho do vice-presidente José Alencar, um severo crítico do aperto monetário. CONSTRUÇÃO CIVIL DESPENCA O resultado do trimestre foi bem pior do que o projetado por analistas ouvidos pela Reuters. A média das estimativas apontava para uma contração do PIB de 0,68 por cento em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2002, as previsões indicavam expansão de 0,6 por cento. A indústria liderou a queda em relação ao primeiro trimestre, com recuou de 3,7 por cento, seguida pela agropecuária, com declínio de 1,2 por cento e serviços, com recuo de 0,3 por cento. Em relação ao segundo trimestre de 2002, somente a agropecuária teve uma boa performance, crescendo 3,2 por cento. A indústria registrou queda de 3,6 por cento e o setor de serviços ficou estável. Dentro da indústria, o setor de construção civil, um termômetro importante da atividade, encolheu 11,1 por cento, a maior queda desde o terceiro trimestre de 1992. Considerando os componentes da demanda, não fossem as exportações de bens e serviços, provavelmente a performance do PIB teria sido bem pior. As exportações cresceram 30,1 por cento na comparação com o mesmo trimestre de 2002, o melhor desempenho da série. O resultado contrastou com o consumo das famílias que corresponde a cerca de 60 por cento da composição do PIB e caiu 7,1 por cento, o maior declínio desde o terceiro trimestre de 2001. Segundo o IBGE, a queda da renda de 14,2 por cento no segundo trimestre, a estagnação do crédito e a queda do emprego explicam esse comportamento. REVISÃO PARA PIOR O IBGE revisou o resultado do primeiro trimestre de uma queda de 0,1 por cento para contração de 0,6 por cento em relação ao quarto trimestre de 2002. O instituto também revisou o PIB do quarto trimestre de 2002, que passou de um crescimento de 0,7 para estagnação --crescimento zero --em relação ao terceiro trimestre de 2002, de acordo com os dados sazonais. Por causa do desempenho favorável nos primeiros três meses, o PIB no semestre cresceu 0,3 por cento. Em todo o ano passado, o Brasil cresceu 1,5 por cento.

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