A Dersa anunciou neste final de semana que vai instalar duas pontes de madeira rústica (com 18 e 15 metros) em dois trechos da Estrada Velha, cujas placas de concreto despencaram no abismo da serra em 1994.
Os dois pontilhões estão prontos e prestes a serem instalados, de forma a permitir, experimentalmente, que a estrada seja aberta para passeios de pessoas a pé, possivelmente no dia 7 de setembro próximo.
Embora ainda não oficializada pela Dersa, essa data foi escolhida para marcar a passagem do então príncipe D. Pedro pela Calçada do Lorena (que cruza a estrada), horas antes de proclamar a Independência, em 1822. A Empresa Metro-politana de Águas e Energia (Emae), que desenvolve um projeto turístico na região, e a Dersa, que administra a estrada, não definiram também (conforme as respectivas assessorias de Comunicação) se esse passeio será apenas para autoridades ou aberto ao público em geral, monitorado por especialistas e com regras de segurança para circulação apenas a pé.
De madeira
Ao optar pelas duas pontes de madeira, em comum acordo com o Instituto Florestal e o Condephaat, a Dersa encontrou um ponto de equilíbrio entre a preservação ecológica e uso da Estrada do Caminho do Mar como pólo de atração turística, sem abrir a passagem para veículos como interligação entre a Baixada e o Planalto.
Se anteriormente a discussão entre os técnicos chegou à possibilidade das duas pontes serem de aço ou de pedra, nos últimos dois meses houve entendimentos mais próximos da unanimidade: de madeira, por ser mais integrada à natureza e não violentar o estilo da primeira rodovia com placas de concreto construída na América.
Nos últimos meses, a Dersa manteve limpas as canaletas de circulação das águas pluviais, refez os cabos laterais de proteção da pista, replantou espécimes vegetais em áreas devastadas e assentou as cabeceiras das duas pontes, na altura do quilômetro 48, no trecho mais próximo da refinaria de Cubatão.
Projeto Turístico
Segundo a assessoria da Dersa, as duas pontes estão prontas e, até o fim do mês, serão deslocadas da Capital para serem assentadas no trecho onde houve o deslizamento das encostas da serra e das placas de concreto.
Paralelamente, está em andamento o termo de compromisso firmado no início do ano entre as secretarias de Estado de Meio Ambiente e Energia, que permitirá ao Instituto Florestal e à Emae dar início à implantação do projeto Pólo Turístico do Caminho do Mar, que incluirá a recuperação da Estrada Velha, reabrindo esse importante conjunto ecológico e histórico, localizado em Cubatão, à visitação turística, a partir de março de 2004. A implantação do projeto, utilizando recursos da Lei Rouanet, captados na iniciativa privada, visa à transformação da área num complexo turístico de grande porte, até 2008, segundo a gerente do Departamento de Gestão Ambiental da Emae, Lúcia Regina Silveira.
Saiba mais
Inaugurada em 1917, e pavimentada em concreto entre 1920 e 1925 (foi a primeira rodovia a receber esse tipo de pavimento no País), a Estrada Velha ocupa a maior parte do antigo Caminho da Maioridade, construído com pedras e oficialmente inaugurado em 1841. Ganhou esse nome em homenagem ao imperador D. Pedro II. Serve de acesso a trilhas na Mata Atlântica, entre elas a Calçado do Lorena, primeiro caminho em pedras aberto entre a Baixada e o Planalto, no Brasil-Colônia, por onde passou D. Pedro I no dia da Independência. A estrada começa no km 29 em São Bernardo do Campo, na confluência com a Rodovia Índio Tibiriçá, e segue até o km 50, nas proximidades da Refinaria Presidente Bernardes. Por segurança, está fechada ao tráfego, a partir do Pouso de Paranapiacaba, inclusive para pedestres.
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