A Rede Nacional formada por pesquisadores e especialistas de vários estados estudou o seqüenciamento do DNA de dois microrganismos, o Chromobacterium violaceum e o Mycoplasma sinoviae. De acordo com os resultados da primeira fase da pesquisa, apresentados,as bactérias estudadas têm propriedades importantes para a biotecnologia do país.
Segundo a coordenadora da Rede Genoma Nacional, Ana Teresa Vasconcelos, a partir do seqüenciamento do genoma da C. violaceum concluiu-se que ela pode ser utilizada para diversos fins. Citou como exemplo, a produção de um plástico biodegradável, de uma substância chamada violaceina, que pode ter atividades no combate à Doença de Chagas, além do emprego para a produção de vários tipos de antibiótico, e para o controle biológico de pragas.
O resultado da pesquisa com o seqüenciamento do DNA da M. sinoviae amplia a possibilidade de acabar com os prejuízos na produção nacional de aves. A bactéria causa uma doença respiratória nas aves conhecida como micoplasmose. O microrganismo diminui a resistência dos frangos, permitindo que outras bactérias se instalem, causando a morte dos animais.
Para o pesquisador da Embrapa, Laurimar Fiorentin, que integra a Rede Nacional de Pesquisa, os estudos foram positivos e ajudarão muito no desenvolvimento de técnicas de detecção, que por sua vez indicarão a forma de tratamento da doença a partir da produção de remédios. No país, a micoplasmose surgiu na década de 70 e tornou-se um problema porque a doença é transmitida de “pai para filho”. Fiorentin explicou que a pesquisa permitiu a identificação de componentes do organismo que podem ser utilizados com potencial na indústria químico-farmacêutica. Uma das indicações, disse, é a descoberta de enzimas que poderiam ser utilizadas em kits para testes de diagnóstico, procedimento exigido pelo mercado mundial. Esse procedimento, explicou, é uma garantia para o produtor e para o país em caso de exportação de ovos férteis e aves vivas. Hoje, o Brasil exporta os dois produtos para países da América Latina.
Para a primeira fase do Programa, implantado no período entre 2001 e 2003, o CNPq financiou o projeto investindo R$ 11 milhões. Para a próxima etapa, os pesquisadores aguardam mais recursos que deverão ser liberados para mais dois anos de pesquisa. De acordo com a coordenadora de Biotecnologia do ministério de Ciência e Tecnologia, Ana Lúcia Assad, o Programa vai continuar.
Após o estudo dos microrganismos, o desafio num segundo momento será o de como transformar as descobertas em produtos para o mercado. Por exemplo, como utilizar a Chromobacterium violaceum na produção de um remédio que possa acabar com a Doença de Chagas.
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