Cardozo encerra exposição sob forte manifestação de 'Fora PT'

 

Nacional - 04/04/2016 - 19:21:43

 

Cardozo encerra exposição sob forte manifestação de 'Fora PT'

 

Da Redação com Agência Estado

Foto(s): Divulgação / Alex Ferreira / Câmara dos Deputados

 

Advogado-geral da União,  ministro José Eduardo Cardozo

Advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo

Em um discurso de mais de uma hora e meia, o advogado-geral da União,  ministro José Eduardo Cardozo, tentou desqualificar o pedido de  impeachment da presidente Dilma Rousseff. A exposição acabou sob forte  manifestação de deputados governistas e opositores, que gritavam "Fora  PT".

"Caso um novo golpe nasça de um processo de  impeachment como um golpe à Constituição de 1988, ele não terá direito,  pode ter poder. Não terá estabilidade, não terá condições democráticas  de reunir as energias necessárias para que o País possa sair desta  crise", finalizou.

Durante apresentação da defesa da  presidente Dilma Rousseff na comissão especial que analisa o impeachment  da Câmara, o ministro disse que as chamadas "pedaladas fiscais" não  configuram operação de crédito e que o Tribunal de Contas da União (TCU)  admitiu essas operações nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula. O  ministro destacou que, em 2015, com a mudança de orientação do TCU, o  governo Dilma não fez esse tipo de operação e que a maior parte dos  recursos de créditos suplementares foi determinada pelo próprio órgão.  "Não há atentado à Constituição feito por Dilma em decretos e  pedaladas", observou o petista, repetindo a todo momento que não há  crime de responsabilidade fiscal.

Para Cardozo, o pedido de  afastamento faz "grotesca" confusão jurídica sobre o conceito de  pedaladas. Em sua opinião, a denúncia aceita pela Câmara "salta aos  olhos por inépcia". "Onde está o ilícito, a má-fé? Não há. E se não há,  não há pressuposto para impeachment", insistiu. O petista disse que a  denúncia recebida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),  foi uma "pedalada" porque inicialmente se tratava de um fato ocorrido em  2014, no primeiro mandato, e foi aditado em seguida para incluir o ano  fiscal de 2015.



Aos parlamentares, Cardozo afirmou que se  pretende pegar um pretexto para construir a figura de um crime de  responsabilidade e que o processo de impeachment contra a petista  "equivaleria rasgar a Constituição". Repetindo que o eventual  afastamento de Dilma nos termos propostos seria golpe, Cardozo  finalizou: "Não se admite após a ditadura um novo golpe à Constituição".

Cardozo  disse ainda que a denúncia apresenta erros básicos conceituais de  direito financeiro. O ministro explicou aos parlamentares a diferença  entre gestão fiscal e orçamentária e observou que os decretos de crédito  suplementar não implicavam em aumento de gastos, mas em realocação de  recursos. Afirmou ainda que a meta de superávit primário, a despeito dos  decretos, foi cumprida - mesmo que com mudança da meta por meio de lei.

Ele  afirmou ainda que a edição de decreto de crédito suplementar não ocorre  apenas no governo federal, mas em todos os Estados. "Se o Congresso  reconhecer impeachment de Dilma, governadores também praticaram o mesmo e  terá de ser feito impeachment em todos os Estados", observou. "O  governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seria um dos governadores a  ser punido por edição de decretos suplementares. É correto impeachment  de Alckmin? Não", argumentou. "Ao defender a presidente Dilma, defendo  todos os governadores e prefeitos que agiram da mesma forma e que  agiram, sem má fé, entendendo cumprir a lei", disse.

Cardozo  ainda argumentou que mais de 20 técnicos fazem parecer para esses  decretos e desafiou os parlamentares a olharem os anexos desses  decretos. "Todos foram respaldados pelos diferentes órgãos técnicos.  Imagina que a presidente recebe esses relatórios e vai contra eles?  Imaginar que ela agiu com dolo quando a própria AGU e outros órgãos  deram respaldo", observou.

Ele explicou ainda que os  créditos suplementares que foram baixados não são firmados apenas para o  Executivo. Um dos decretos, segundo ele, foi solicitado pela Justiça do  Trabalho. "Ao pedir a adequação orçamentária, o Judiciário incorreu em  crime? O próprio TCU também pede. A presidente é culpada por isso? Onde  está o dolo? Onde está a má-fé? Mesmo que houvesse irregularidade, é  impossível haver dolo", defendeu.

Segundo Cardozo, se  analisar os decretos, cerca de 70% dos valores tiveram como objetivo o  Ministério da Educação e Cultura. "Sabe por que foram para essas pastas?  Porque o TCU determinou. O que se esperava que a presidente fizesse,  desobedecesse?", questionou. "Não se pode descumprir despesas  obrigatórias com despesas discricionárias. Se crime tivesse havido,  haveria inexigibilidade adversa. Não tinha como praticar outra conduta  porque era o que a lei mandava", afirmou.

 



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