Os brasileiros não sentirão nenhuma saudade da crise de 2015, mas não encontrarão nada muito melhor no ano que vem. E a má notícia é que, à medida que o réveillon se aproxima, 2016 fica cada vez mais feio no horizonte. Que o diga o Itaú, que acaba de revisar – para pior – as estimativas econômicas para o ano que vem. “Não há sinais de estabilização da produção e da demanda”, afirma o banco, em relatório assinado por seu economista-chefe, Ilan Goldfajn.
Basicamente, todos os fatores fundamentais para reconduzir o país ao crescimento estão ruins e ainda podem piorar. Entre eles, a instituição destaca a resistência da inflação, a contração da produção e das vendas, o elevado nível dos estoques, a confiança de empresários e consumidores no chão, a expansão do desemprego, e a piora das contas públicas. Tudo isso deságua numa possível retração de 2,5% do PIB no próximo ano. No relatório anterior, a estimativa era de uma queda de 1,5%.
Veja, a seguir, os principais números revisados pelo Itaú:
INDICADOR |
NOVA PROJEÇÃO PARA 2016 |
PROJEÇÃO ANTERIOR |
MOTIVO DA REVISÃO |
PIB |
-2,5% |
-1,5% |
O banco espera uma retração mais intensa do PIB nos próximos trimestres, causada pela queda da massa salarial, o que afetará o consumo das famílias. A baixa confiança de consumidores e empresários também afetará os investimentos. O Itaú não vê sinais de estabilização nem da oferta, nem do consumo. |
Inflação |
+7,0% |
+6,5% |
O reajuste de preços será um pouco mais intenso que o previsto inicialmente, por conta do dólar mais apreciado e de um maior impacto de preços administrados, como a energia elétrica (que deve subir 10%, segundo o Itaú) e a gasolina (alta prevista de 8%). Do outro lado, a crise do mercado imobiliário e a piora do desemprego tendem a conter os preços. Os alimentos também devem subir menos, já que o clima deve ser mais favorável que nos anos anteriores. |
Desemprego |
10,6% |
10,2% |
A intensificação da queda do PIB prevista para o próximo ano terá reflexos sobre o nível de emmprego. Para o Itaú, a taxa de desocupados continua em alta, com destaque para a destruição de vagas com carteira assinada. |
Dólar (R$ no fim do ano) |
4,50 |
4,25 |
A revisão da meta fiscal e a piora do cenário para os próximos anos levou o banco a ajustar sua previsão de câmbio. Além disso, as incertezas sobre a disponibilidade internacional de crédito para o governo e as empresas brasileiras também pesam na conta. |
Déficit primário |
-1,5% |
n.i. |
A estimativa para o rombo nas contas públicas subiu, devido à previsão de que o governo pagará mais despesas atrasadas em 2016. Além disso, com a economia encolhendo ainda mais, a arrecadação ficará menor. Estados e municípios também fecharão 2016 com um buraco maior que o previsto em suas contas. |
* Com informações de O Financista
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