Justiça italiana quer ouvir Lula sobre caso Lavitola
Da Redação com ANSA Brasil
Foto(s): Divulgação / Arquivo
A carta escrita por Valter Lavitola (foto) em que Lula é citado foi encontrada no computador do ítalo-argentino Carmelo Pintabona, amigo e um dos homens de confiança do jornalista, que também responde a processo por lavagem de dinheiro e corrupção internacional
A Justiça italiana teria pedido ao Brasil para interrogar como testemunha o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o caso Lavitola, que envolve o empresário italiano Valter Lavitola e o ex-premier Silvio Berlusconi. Consultada pela Ansa, a assessoria de imprensa do ex-mandatário disse não ter recebido nenhum documento oficial e não quis comentar o caso, acrescentando que relatos indiretos da imprensa "muitas vezes se equivocam".
Segundo informações não oficiais, a Justiça italiana pretende mapear os negócios do empresário, que já morou no Brasil.
O Ministério Público da Itália pede informações sobre a relação entre Lula e o empresário, ex-braço direito de Berlusconi e que foi condenado por extorsão e está preso em Nápoles.
Pedido surgiu após ser encontrada uma carta de Lavitola ao ex-premier datada de 2011, onde ele fala que Lula o teria favorecido na tentativa de revender uma concessão para a exploração de madeira na Amazônia a uma companhia chinesa.
Na carta, também revelada pelo diário no ano passado, ele lamenta que Lula, "que se provou um verdadeiro amigo", não o ajude mais.
O empresário italiano, ex-editor da revista Avanti, foi acusado de ter praticado extorsão contra o ex-premier, tendo sido condenado a dois anos e oito meses de prisão. Lavitola já havia sido detido anteriormente sob a acusação de corrupção internacional envolvendo o governo do Panamá e de ter incentivado um empresário a mentir perante a Justiça no caso das garotas de programa levadas à casa de Berlusconi.A carta escrita por Lavitola foi encontrada no computador do ítalo-argentino Carmelo Pintabona, amigo e um dos homens de confiança do jornalista condenado. Pintabona, então presidente da Federação das Associações Sicilianas da América do Sul, foi preso em 3 de agosto de 2012, em Palermo. Ele foi indiciado no mesmo processo de extorsão, mas acabou inocentado e ganhou a liberdade em março do ano passado. No depoimento que deu ao MP napolitano, Pintabona disse que Lavitola “conhecia bem Lula”, de quem falava com frequência e confirmou a existência da concessão na Amazônia. “Foi o próprio Lavitola que me disse para explicar o porquê do pedido de dinheiro a Berlusconi, pois existia o risco de perder a concessão”, disse o empresário. Na carta, Lavitola dá instruções ao ex-premiê para que pagasse US$ 900 mil a uma empresa chinesa que teria sido responsável pelo plano de manejo florestal. Outros 5 milhões de euros (US$ 7 milhões) também seriam necessários para bancar um escritório de advocacia que cuidaria da arbitragem do negócio.