Presidente da Câmara manifesta preocupação com a pauta de votação de vetos prevista para terça-feira, em sessão do Congresso Nacional. Eduardo Cunha concedeu entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara, nesta segunda-feira, após almoçar com o vice-presidente da República, Michel Temer. Ao todo, 32 vetos a projetos aprovados pelo legislativo serão analisados por deputados e senadores. O mais polêmico trata do reajuste de 78,56% nos salários do Poder Judiciário, com impacto financeiro de R$ 25, 7 bilhões. Para Cunha, a derrubada desse veto é preocupante em período de ajuste fiscal.
"Eu acho que, concretamente, não se deve derrubar esse veto. Seria uma atitude de colocar mais gasolina na fogueira, de acender fósforo em tanque de gasolina. Eu não sou partidário disso. O ideal é até que a gente não votasse isso amanhã. O problema é que o excesso de adiamento leva a outro tipo de problema: o acúmulo de vetos. Depois de um certo momento, seria um outro problema porque não se pode votar LDO nem Orçamento se não se votar antes os vetos que trancam a pauta".
Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara voltou a criticar o governo nos esforços em cortar gastos públicos. Cunha citou os R$ 200 milhões por ano que o Executivo espera economizar com a extinção de 10 ministérios e, para comparar, lembrou que a Câmara, sozinha, vai economizar R$ 80 milhões por ano só com a adequação das horas extras pagas aos funcionários. O presidente da Câmara também criticou a recente decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir a doação financeira de empresas para campanhas eleitorais. Segundo ele, a falta de uma modulação, que esclareça a extensão da decisão, torna ilegítima até mesmo as eleições passadas. Cunha opinou ainda que a presidente Dilma Rousseff não pode usar essa decisão do Supremo como argumento para um eventual veto à minirreforma eleitoral, que prevê o financiamento empresarial de campanhas.
"Defendo que o Supremo module os efeitos de sua decisão, se for o caso. E defendo que o Poder Executivo não vete a lei eleitoral e deixe que o Supremo decida de acordo com o texto da nova lei, se for provocado por uma ADIN. Se o governo vetar a lei eleitoral, será uma interferência do Poder Executivo no Legislativo".
Quanto à pauta de votação da Câmara desta semana, Cunha anunciou prioridade para a conclusão da proposta de emenda à Constituição (PEC 172/12) que trata do pacto federativo.