O Celta não existe mais. As unidades do compacto ainda oferecidas nas revendas da Chevrolet são de estoque e já rareiam. A reportagem procurou nesta sexta-feira (21) concessionárias em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Salvador. Em todas não havia mais Celta, e vários consultores disseram, sem rodeios, que o carro saiu de linha.
Ainda é possível encontrar o Celta no site brasileiro da General Motors (é o único ainda em ano-modelo 2015), e dá até para configurá-lo na versão LT, a única oferecida. Valor: R$ 34.990, com quatro portas, motor 1.0 flex de 78 cv (etanol), ar-condicionado, direção hidráulica e vidros elétricos dianteiros.
O improvável, para não dizer impossível, é encontrar esse carro na vida real.
A reportagem não obteve uma confirmação oficial da General Motors do Brasil -- procurada, sem sucesso, durante toda a tarde desta sexta-feira (21). Mas, ao que se constatou nas concessionárias, juntamos a afirmação de Edson Dorneles, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (RS): "Acabou o ciclo de vida do Celta". Segundo o sindicalista, ouvido pela reportagem nesta sexta, a fábrica gaúcha deixou de produzir o modelo em junho.
Vários consultores ouvidos pela reportagem aproveitaram para oferecer o Chevrolet Onix de entrada, o LS, como alternativa ao Celta. Com motor 1.0 flex de 80 cv e pacote magro (basicamente, ar e direção), tem preço de R$ 37.790 no configurador. No entanto, pode ser negociado e fechar na casa dos R$ 33,5 mil.
UMA ARARA
Lançado em 2000 como parte de um projeto 100% nacional denominado "Arara Azul", o Celta tinha a proposta de ser o carro mais barato do Brasil. Montado sobre a plataforma da segunda geração do Corsa (a primeira a ser vendida no Brasil, a partir de 1994) e com motor 1.0 a gasolina de apenas 60 cv, só ganhou quatro portas em 2002 e motor flex em 2005 (em 2003, passou a oferecer propulsor 1.4 a gasolina).
Nunca houve uma segunda geração do Celta, mas em 2006 (ano em que emplacou 126.198 unidades, ficando em terceiro lugar nas vendas no país, atrás de Volkswagen Gol e Fiat Palio) ele passou por uma reforma mais profunda e ganhou visual alinhado ao do Astra, hoje também extinto. No mesmo ano foi lançada a versão sedã, o Prisma, com motor 1.4 mais potente e uma traseira semelhante à do Vectra.
Em 2007, o "Celtinha" deixou de oferecer motor 1.4 e entrou numa longa e lenta decadência -- montadoras concorrentes ofereciam opções de baixo custo herdadas de carros de sucesso, como o Gol G4 (em linha até 2014) e a gama Fire da Fiat. E talvez o golpe mais duro tenha sido a chegada do Novo Uno, em 2010.
Mesmo assim, dentro da GM o Celta sobreviveu ao Agile (2009-2014, substituto oficial do Corsa) e aguentou pelo menos dois anos de Onix no mercado. Este ano, até o final de julho, emplacou 17.502 carros (4.464 para frotistas), mas desde maio as vendas vem caindo e, no mês passado, foram apenas 326.
O FUTURO
Uma nova família de compactos será fabricada pela GM no Brasil, com investimento de R$ 6,5 bilhões já anunciado pela empresa. Uma das apostas é que o novo carro de entrada (abaixo do Onix) será uma adaptação do novo Chevrolet Spark (a ser lançado nos Estados Unidos no começo de 2016).