Poucas horas após o acordo que evitara a saída da Grécia da zona do euro, o ex-ministro das Finanças do país Yanis Varoufakis criticou o premiê Alexis Tsipras por ter aceitado as exigências de seus credores europeus para receber um novo pacote de resgate.
Em entrevista à revista britânica "New Statesman", ele contou que tinha um plano para a economia grega, mas não recebera o apoio do primeiro-ministro, que decidiu fazer "novas concessões". Varoufakis renunciou ao cargo no dia seguinte ao referendo que dera um "não" às políticas de austeridade da União Europeia.
Baseado na convicção de que Atenas não poderia ser expulsa da zona do euro, seu projeto consistia em tornar possível uma "Grexit" (junção das palavras "Grécia" e "saída" em inglês) para propiciar um acordo mais favorável à nação, e o resultado da consulta popular oferecia esse cenário.
No entanto, o plano foi rejeitado por quatro a dois em uma votação da liderança do partido de extrema-esquerda Syriza na madrugada após o referendo. Como Varoufakis também não conseguira convencer Tsipras, sua saída do Ministério das Finanças se tornou inevitável. "Aquela noite, o governo decidiu que a vontade do povo, o retumbante 'não', não era suficiente para adotar uma abordagem mais enérgica", disse. No dia da renúncia, ele havia alegado que seu objetivo era não atrapalhar as tratativas com a Europa. Além disso, Varoufakis também criticou duramente o Eurogrupo - fórum que reúne os ministros das Finanças da zona do euro -, a quem acusou de não ter representatividade para negociar a dívida grega.
"É um órgão totalmente subjugado pela Alemanha. É uma orquestra dirigida pelo ministro [alemão Wolfgang] Schäuble. O Eurogrupo não está previsto em nenhum tratado, mas tem o grande poder de determinar a vida dos europeus, de decidir sobre questões quase de vida ou morte", atacou Varoufakis.