Câmara aprova texto-base de MP que restringe pensão por morte
Da Redação com agências
Foto(s): Divulgação / Arquivo
Em meio a confusão, deputados aprovaram segunda medida do ajuste fiscal da presidente Dilma Rousseff
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira o texto principal da Medida Provisória 664/14, proposta pelo governo, que muda as regras de pensão por morte e faz parte do pacote de ajuste fiscal apresentado pela equipe econômica de Dilma Rousseff.
Com 277 votos a favor e 178 contra, o plenário da Câmara aprovou o texto-base apresentado pelo Executivo, a segunda vitória do governo Dilma após a aprovação na semana passada de outra medida que modifica as regras para o acesso ao seguro-desemprego.
O principal ponto do texto aprovado hoje determina um período de dois anos de casamento ou união estável e 18 meses de contribuição à previdência social para que os beneficiados possam ter direito à pensão por morte de seu cônjuge.
No entanto, em votação posterior, sobre a emenda que estabelecia uma mudança no cálculo do fator previdenciário, a oposição derrotou o governo com 232 votos a favor e 210 contra, mesmo após os apelos do Executivo para que a proposta fosse rejeitada.
Pela atual legislação, a pensão diminui quando a aposentadoria se dá por tempo de contribuição antes dos 65 anos de idade para os homens e 60 para as mulheres. O tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é de 35 anos para homens e de 30 para mulheres.
No entanto, com a nova medida, o trabalhador se aposenta com proventos integrais (com base no teto da Previdência, atualmente R$ 4.663,75), quando a soma da idade e do tempo de contribuição totalizar 95 anos para os homens e 85 para as mulheres.
Confusão
Durante a divulgação do resultado, houve confusão nas galerias do plenário. Dois manifestantes da Força Sindical abaixaram as calças e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), precisou suspender a sessão para retirar os manifestantes. “PT, ladrão, roubou minha pensão”, gritaram. Antes, deputados que levantavam uma faixa contra o partido se envolveram em um empurra-empurra no plenário.
Na legislação anterior, a pensão era vitalícia em qualquer caso. Já a MP estipula que a concessão do benefício varia de acordo com a idade do companheiro do segurado.
A pensão só passará a ser vitalícia caso a viúva(o) do segurado (a) tenha mais de 44 anos. Com menos de 21 anos, a pensão só duraria três anos.
Para a oposição, o governo mexe nos direitos trabalhistas. Para o governo, a medida provisória serve para corrigir distorções e acabar com a "indústria da viuvez" no Brasil.
"O cidadão tem 63 anos, casa com uma jovem de 25 anos. Amanhã esse cidadão vem a morrer, essa jovem vai receber pensão pelo resto da vida. Isso não é correto", discursou Silvio Costa (PSC-PE), vice-líder do governo.
No Congresso, o relator Carlos Zarattini (PT-SP) flexibilizou as regras editadas por Dilma na medida provisória. Ele reduziu o tempo mínimo de contribuição de 24 para 18 meses, além de alterar as faixas etárias para definir o tempo de pensão. O relatório do petista também incluiu a previsão de quatro meses de pensão temporária a quem não cumprir o tempo de casamento ou a carência mínima.
Auxílio doença
O texto principal da medida provisória também mudava regras do auxílio doença, mas um destaque aprovado trouxe de volta a legislação anterior. O governo queria elevar de 15 para 30 o pagamento pelas empresas do afastamento de empregados, mas o texto foi suprimido pelos deputados.
Como fica a duração das pensões, de acordo com a MP
Cônjuge com menos de 21 anos: três anos de duração
21 a 26 anos: seis anos de duração
27 a 29 anos: dez anos de duração
30 a 40 anos: 15 anos de duração
41 a 43 anos: 20 anos de duração
Mais de 44 anos: vitalícia
Vantagem governista
Apesar dos protestos em plenário, o governo conseguiu uma margem ainda maior que na votação da MP 665, que muda regras do seguro desemprego e do abono salarial. Foi uma vantagem de 99 votos contra 25 na outra votação. O governo conseguiu uma fidalidade maior de siglas como PP e PMDB, No PT, nove faltaram à votação e um votou contra.
Entre os maiores partidos, o mais governista foi o PR, que controla o Ministério dos Transportes. A legenda, que tem 34 deputados, garantiu 31 votos ao governo, um percentual de fidelidade de 91,2%. O PCdoB, que tem 13 deputados, entregou 12 votos, sendo que um parlamentar faltou. Do lado da oposição, o DEM continuou a ajudar o governo: quatro deputados disseram "sim" à medida provisória, 13 foram contrários e outros cinco faltaram.