Gestão de Saúde em Praia Grande deixa a desejar no atendimento a pacientes com suspeita de dengue
Da Redação .
Foto(s): BB / @HORA
PS Quietude em Praia Grande
A dengue é uma ameaça constante e previsível. Anualmente as secretarias de saúde se preparam para enfrentar essa doença que abarrota as áreas de atendimento emergenciais dos municípios.
Apesar de saber-se o que ocorre anualmente, algumas secretarias falham na gestão e não tomam medidas de contingência com antecedência de forma a evitar o desconforto e a demora no atendimento nas unidades de saúde.
É o caso de Praia Grande, no litoral Paulista.
Outros fatores que aceleraram a disseminação da doença (dengue) nos municípios, principalmente no interior, foi o período de estiagem que fez com que a população acondicionasse água, nem sempre da melhor maneira. A greve dos coletores de lixo também colaborou indiretamente, pois em diversas cidades a coleta ficou suspensa por diversos dias e, com as chuvas que ocorreram no período, os criadouros do mosquito responsável pela dengue (Aedes Aegypti) foi privilegiado. Não devemos esquecer, também, os feriados prolongados que trouxeram milhares de turistas para a região advindos de regiões com índices maiores de incidência da dengue.
Com todos os fatores à vista, a gestão de Saúde de Praia Grande sob o comando de Francisco Jaimez Gago, ex-presidente da FUABC (Fundação do ABC) foi insuficiente no que se refere a uma atuação estratégica preventiva para minimizar os problemas no atendimento.
A reportagem do @HORA Litoral, esteve todos os dias entre 2 e 8 de abril, em três horários diferentes (manhã, tarde e noite) no PS Quietude para avaliar a condição do atendimento à população.
Em todos os levantamentos realizados, a espera média para o atendimento era entre 3 e 4 horas, sendo um pouco menor, somente em um dos dias no período da manhã (entre 6 e 8 hs).
Muitos desistiam do atendimento pelo tempo de espera e acabavam por ir embora.
"Estou aqui desde às 10 hs e ainda não fui atendida", disse Maria Silva `por volta das 13:30hs da última quarta-feira.
Para tentar agilizar, o que não resolveu muito, uma triagem foi iniciada. Os pacientes eram agora obrigados a passar por quatro filas, ou seja, a primeira na recepção, a segunda na triagem, a terceira pelo médico de plantão (só haviam dois e atendiam tanto aos pacientes com suspeita de dengue entre outras enfermidades como a emergência) e, por último e não menos demorado, pela medicação e/ou coleta.
Em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura, recebemos a informação, por e-mail, das ocorrências e o plano da Secretaria de Saúde, veja a íntegra da nota abaixo:
A direção técnica do Pronto-socorro Quietude informa que atua no sistema de Acolhimento de Classificação de Risco. Este tipo de procedimento prioriza o atendimento dos casos mais graves. Com isso, pacientes ambulatoriais também são atendidos, mas aguardam outros que chegam em risco de morte.
Válido destacar que o PS Quietude tem constatado aumento no número de atendimentos nos últimos dias por conta de pessoas com suspeita de dengue. A unidade, que normalmente realiza entre 400 e 500 atendimentos diários, está atendendo mais de 800 pessoas por dia.
Praia Grande tem desenvolvido ações para melhorar e ampliar a estrutura dos atendimentos relacionados aos casos suspeitos e confirmados de dengue. O esquema em funcionamento tem como um dos principais destaques a oferta na Rede de Atenção Básica do Município para o atendimento a casos suspeitos de dengue. Desta forma, as Unidades de Saúde da Família (Usafas) e Multiclínicas também são referências e portas de entrada do sistema nos serviços relacionados à dengue.
Os atendimentos nas unidades da Atenção Básica seguem um protocolo de Acolhimento de Classificação de Risco da Dengue. Os pacientes classificados como Grupo A são atendidos nas Usafas e Multiclínicas com orientação e acompanhamento de profissionais. Os do Grupo B são notificados e encaminhados as unidades de Urgência e Emergência, pois necessitam de exames ou observação. Devido a um possível quadro mais delicado, os pacientes dos Grupos C e D são removidos para as unidades de Urgência e Emergência através do SAMU.
O Plano de Contingência ainda prevê também, caso necessário, a reserva de leitos no Hospital Irmã Dulce para internação por conta da ocorrência de casos mais graves. A iniciativa já ocorreu com sucesso em anos anteriores quando a Cidade enfrentou epidemias da doença.
A Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande está adotando outras medidas. Um guia prática elaborado pela Central de Vigilância Epidemiológica do Estado será distribuído para os médicos e enfermeiros. O material conta com dados sobre os procedimentos adotados e preconizados que devem ser tomados no atendimento. Treinamentos também são realizados.
Outra importante ação da Sesap que está em andamento foi adotar uma estratégia para garantir a distribuição de insumos e equipamentos necessários para os atendimentos nas unidades. A pasta também se preocupou em acertar todos os detalhes com os laboratórios para que os exames que podem confirmar ou não um caso de dengue transcorressem normalmente neste período.
Apesar de, na resposta da prefeitura, dizer que existem outros canais para atendimento, a população não recebeu qualquer espécie de aviso seja por faixas, anúncios nos jornais locais, panfletagem nas casas ou mesmo a visita dos agentes de saúde comunicando aos moradores as opções para atendimento.
Outro fator notado durante a reportagem é que havia a falta de diversos medicamentos necessários ao pronto atendimento. De acordo com um funcionário, que preferiu não se identificar, a situação está cada vez mais grave, pois faltam profissionais para agilizar o atendimento e medicamentos indicados pelos médicos para serem ministrados aos pacientes.
Chegou-nos, ainda, uma informação de bastidor de que a Secretaria de Saúde e o prefeito Alberto Mourão pretendem transformar a unidade do PS Quietude em uma UPA de forma a obter recursos federais (a informação ainda não foi confirmada de forma oficial, mas rumores dariam conta que já existem tratativas nessa direção).
Em 2010, antecipando problemas com a dengue, a prefeitura, na época, criou tendas para um atendimento diferenciado para quem estava com os sintomas básicos da doença agilizando o atendimento e liberando o PS para o atendimento de outras enfermidades e acidentes.
Mesmo sabedores do que estava por vir, inclusive com a decretação de estado de epidemia em algumas cidades próximas, deixou o responsável pela saúde de Praia Grande de tomar medidas preventivas e de contingência de forma a minimizar os efeitos negativos que promovem o sofrimento da população que necessita do atendimento em unidades como o PS Quietude.