Investigadores acreditam que copiloto derrubou avião da Germanwings na França
Da Redação com agências
Foto(s): Reprodução Twitter
Copiloto pode ter derrubado avião de forma deliberada, segundo investigadores
Os investigadores responsáveis pelo caso da queda do Airbus A320 da Germanwings acreditam que o copiloto se negou a abrir a porta da cabine para o comandante e derrubou o avião com a intenção de "destruí-lo" por razões ainda desconhecidas. Segundo o promotor de Marselha, Brice Robin, "neste momento, nada permite dizer" que a queda do avião nos Alpes franceses foi um "atentado terrorista" e nem que se trata de suicídio ou homicídio. As informações foram dadas em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira.
O copiloto Andreas Lubitz, 28 anos, tinha mais de 630 horas de voo e era alemão. Não foram divulgadas mais informações. Segundo o investigador, é possível ouvir a respiração do comandante dentro da cabine e que ela indica que ele estaria "vivo e consciente".
O copiloto alemão, que assumiu o controle do Airbus A320 após o capitão deixar a cabine, se recusou a abrir a porta e acionou o botão que faz o avião descer, disse o procurador francês em entrevista coletiva televisionada ao vivo.
O Airbus 320, que fazia o voo entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha), atingiu, a 700 km/h, uma montanha na terça-feira, após cair por 8 minutos. Todas as 150 pessoas a bordo morreram.
Nesta quarta-feira, uma fonte militar de alta patente disse ao New York Times que houve uma conversa "muito suave, muito tranquila" entre os dois pilotos no começo da viagem entre Barcelona, na Espanha, e Düsseldorf, na Alemanha. Segundo ele, o áudio da caixa-preta indica que mais tarde um dos pilotos teria saído e não conseguido entrar novamente na cabine.
"Um homem que está fora da cabine bate levemente na porta e não obtém resposta", afirmou o investigador. "Em seguida, ele bate mais forte e continua sem resposta. Nunca houve uma resposta". O militar disse que é possível ainda "ouvir que, ao final, ele está tentando forçar e derrubar a porta".
Embora o áudio ajude a esclarecer algumas dúvidas sobre o acidente, outras permanecem. "Ainda não sabemos a razão pela qual um dos pilotos saiu. Mas o que se pode afirmar é que, antes de cair, havia um piloto na cabine sozinho e que não abriu a porta".
Áudio de avião registra passageiros gritando antes da queda
Os passageiros do voo da Germanwings que caiu na região dos Alpes franceses gritaram nos instantes finais da queda. Segundo Brice Robin, promotor francês que investiga a queda do Airbus A320, disse que as vítimas do acidente não perceberam que o avião estava caindo até o último momento, pois na gravação da caixa-preta não foram ouvidos gritos até pouco antes do impacto.
Robin disse que a aeronave é "bastante grande" e que os passageiros "não estão justamente ao lado da cabine", e ressaltou que só são escutados gritos nos últimos minutos da gravação.
"A morte foi instantânea, o avião literalmente explodiu ao se chocar contra a montanha", explicou.
Robin disse que antes da entrevista coletiva se reuniu com familiares das vítimas para fornecer toda a informação sobre a investigação, parte da qual já tinha sido vazada pelo jornal "The New York Times".
"Os parentes fizeram muitas perguntas sobre legislação internacional, se era normal que o comandante saísse", relatou o promotor.
Para Robin, a informação que se conhece até o momento, apenas 48 horas depois do acidente, já representa "um avanço considerável".
Alguns corpos começaram já ser resgatados ontem e foi iniciada a identificação de DNA.
"As famílias custam a acreditar no que ocorreu", afirmou o promotor.
Os familiares chegaram hoje em Marselha de voos que partiram de Barcelona e Düsseldorf e em um ônibus que saiu da cidade espanhola.
Copiloto teria suspendido treinamento em 2008 por depressão
A Lufthansa informou nesta quinta-feira que o copiloto Andreas Lubitz, suspeito de provocar deliberadamente a queda de um avião da Germanwings, unidade de baixo custo da companhia, foi aprovado em todas as avaliações necessárias para voar. Contudo, a empresa afirmou que Lubitz interrompeu o treinamento por vários meses, sem informar o motivo. De acordo com veículos da imprensa europeia, como Guardian e Daily Mail, a paralisação está relacionada à depressão.
De acordo com informações publicadas pelo Daily Mail, amigos do copiloto afirmaram que ele sofreu depressão em 2008, além de síndrome de burnout, um distúrbio psíquico precedido de esgotamento físico e mental, cuja causa está intimamente ligada à vida profissional.
O CEO da Lufthansa Carsten Spohr afirmou que interromper o treinamento não é incomum, mas não deu mais informações sobre o motivo. Segundo o CEO, a empresa escolhe seus tripulantes de forma muito cuidadosa e os submete a avaliações psicológicas.
"Não importa suas regulamentações de segurança, não importa quão alto é o seu nível de exigência, e nós temos padrões incrivelmente altos, não há forma de descartar um incidente desse tipo", afirmou Spohr.
O acidente
O avião Aibus A320 da companhia aérea Germanwings caiu nesta terça-feira (24) na região dos Alpes franceses, perto da cidade de Barcelonnette, a cerca de 100 quilômetros ao norte de Nice. A aeronave carregava 144 passageiros e seis tripulantes. Segundo o presidente francês François Hollande, não há possibilidade de sobreviventes.
O voo 4U9525 saiu de Barcelona, Espanha, em direção à cidade alemã de Düsseldorf, e desapareceu após 46 minutos da decolagem, por volta das 11h locais, após emitir mensagem de socorro. Equipes de resgate foram encaminhadas ao local, de difícil acesso.