Funcionários da Mercedes fazem paralisação de 24 horas em São Bernardo
Da Redação com Abr
Foto(s): Divulgação / Adonis Guerra
Diretor Administrativo do Sindicato, Moisés Selerges durante assembleia
Os metalúrgicos da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, fazem uma paralisação de 24 horas, em protesto contra a demissão de funcionários. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 244 empregados foram demitidos no final de ano. A empresa confirma que houve demissões, mas não cita números.
Na VW, também no ABC Paulista, funcionários entram no segundo dia de greve contra a demissão de 800 metalúrgicos. De acordo com o sindicato, a reivindicação é que as demissões sejam revertidas, por isso a paralisação segue por tempo indeterminado. Os trabalhadores têm feito assembleias antes da entrada dos turnos de manhã, tarde e noite.
A Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo emprega 11 mil pessoas: 1,2 mil delas estavam em licença remunerada. Parte desses metalúrgicos foi demitida, outra parcela teve a licença renovada até 30 de abril, segundo a empresa.
Já a Volkswagen emprega 13 mil funcionários. Desde o ano passado, a empresa adota medidas como férias coletivas e suspensão temporária de contrato de trabalho (lay-off) na fábrica. Segundo a empresa, os funcionários demitidos entram em licença remunerada por 30 dias e depois serão desligados.
Segundo a montadora alemã conhecida por modelos populares como "Gol" e "Up", o cenário de retração da indústria automobilística no País nos últimos dois anos e o aumento da concorrência impactaram em seus resultados. A VW aponta, entre janeiro e dezembro de 2014, a indústria automotiva brasileira teve queda aproximada de 7% nas vendas e de mais de 40% nas exportações, comparado com o ano de 2013, resultando numa retração de 15% na produção.
Em 2012, o sindicato e a Volkswagen firmaram acordo coletivo, com validade até 2016, prevendo questões como estabilidade e politica de reajustes. No ano passado, porém, a empresa quis rever o acordo, mas a proposta foi rejeitada em assembleia pelos metalúrgicos. O sindicato reclama que a empresa, desde então, não chamou os trabalhadores para negociar e tomou uma decisão unilateral com as demissões.
A Volkswagen argumenta que, quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva para a indústria automobilística era positiva, pois acreditava-se que seriam vendidas 4 milhões de unidades em 2014. “O que ocorreu foi uma retração para 3,3 milhões. É importante lembrar que, na Unidade Anchieta, o nível de remuneração médio é mais alto que o dos principais concorrentes, inclusive na região”, diz a nota da empresa.
Assembleia na Mercedes
Em assembleia realizada na manhã desta quarta-feira, dia 7, os trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo, aprovaram a paralisação de 24 horas em protesto contra a demissão de 244 companheiros que estavam em layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho). Na última segunda, dia 5, os companheiros na montadora já haviam manifestado solidariedade aos demitidos pela empresa.
“A empresa rompeu o acordo do layoff, que prevê a manutenção do contrato até abril deste ano”, explicou durante a assembleia o diretor Administrativo do Sindicato, Moisés Selerges.
Segundo ele, a montadora alegou que as demissões ocorriam devido a “baixa performance” dos 244 companheiros. “Ao fazer isso, a Mercedes usou um critério subjetivo e colocou em risco o emprego de todos os trabalhadores”, ressaltou o dirigente.
“Por isso, nesta quarta-feira não haverá produção nesta fábrica. É nossa resposta à empresa para defendermos nosso maior patrimônio, que é o emprego”, completou Moisés.
A paralisação na montadora é total e conta com a adesão de mais de 90% dos cerca de 11 mil trabalhadores na Mercedes, já que alguns só retornam das férias na próxima segunda, dia 12.
O presidente do Sindicato, Rafael Marques, que nesta quarta esteve conversando com os mensalistas na montadora por volta das 7h30, voltou a defender um sistema de proteção ao emprego dos trabalhadores. Principalmente no setor automotivo, onde a as oscilações de mercado são muito comuns.
“Estamos tentando junto ao governo federal implantar um sistema semelhante ao que já existe na Alemanha e provou sua eficiência durante a crise europeia, quando amenizou a situação do desemprego no país sede da Mercedes”, destacou Rafael.