Sindicato ameaça quem 'furar greve' na Volkswagen

 

ABCD - 07/01/2015 - 06:55:54

 

Sindicato ameaça quem 'furar greve' na Volkswagen

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Edmilson Magalhães / Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

 

Montadora disse em nota que medidas paliativas adotadas desde 2013, como férias coletivas e suspensão temporária dos contratos de trabalho, não foram suficientes diante das expectativas para a indústria automotiva

Montadora disse em nota que medidas paliativas adotadas desde 2013, como férias coletivas e suspensão temporária dos contratos de trabalho, não foram suficientes diante das expectativas para a indústria automotiva

"A gente não quer receber aqui companheiros furando o movimento. Vai ter ovo!", anunciava um carro de som do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, nesta terça-feira, no pátio da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo. As promessas são relacionadas à greve dos 13 mil funcionários da montadora, que está marcada para começar nesta quarta-feira. 

A paralisação é uma reação à demissão de 800 empregados que aconteceu nesta terça-feira, na montadora localizada na Grande São Paulo. Segundo a Volkswagen, o corte de funcionários representa a "primeira etapa de adequação de efetivo".

O carro de som do sindicato anunciou também que, nesta quarta-feira, "vai ter 'Tereza'" - uma corda cheia de graxa que serve para que os funcionários não possam entrar na fábrica durante as greves, sem que fiquem sujos - e as catracas estarão bloqueadas. 

A paralisação foi aprovada por todos os funcionários da montadora, nesta terça, durante uma assembleia. A duração do protesto é por tempo indeterminado.

Mais cedo, a montadora disse em nota que medidas paliativas adotadas desde 2013, como férias coletivas e suspensão temporária dos contratos de trabalho, não foram suficientes diante das expectativas para a indústria automotiva. Por isso, as demissões teriam sido necessárias.



No mesmo dia, o sindicato divulgou que a fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, não renovou a licença remunerada e demitiu 244 funcionários no final do ano. A montadora confirmou que houve demissões, mas não confirmou o número de trabalhadores que foram desligados da empresa.


Mercedes-Benz demite 244 funcionários, afirma sindicato

A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) não renovou a licença remunerada e demitiu 244 funcionários no final do ano, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista.

A Mercedes não confirmou o número, mas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que uma pequena parte dos 1,2 mil trabalhadores foram demitidos. De acordo com a empresa, a maioria dos empregados de São Bernardo do Campo tiveram a licença remunerada renovada até 30 de abril.

A Volkswagen também está demitindo 800 metalúrgicos da fábrica Anchieta, na região do ABC Paulista. Contra a decisão, os empregados decidiram, durante assembleias no início da manhã e no meio da tarde de hoje (6), entrar em greve por tempo indeterminado até que as demissões sejam revertidas.

“Temos um acordo com a empresa. O acordo feito em 2012 não permitia nenhuma demissão. As demissões ou eram por meio de PDV [plano de demissão voluntária] ou quando desse o tempo de aposentadoria, o trabalhador saía com incentivo financeiro. Qualquer outra demissão tinha de ser por justa causa. Essas garantias é que foram rompidas pela fábrica”, disse Wagner Santana, secretário-geral do sindicato dos metalúrgicos.

No total, a fábrica emprega 13 mil funcionários. A assessoria de imprensa do sindicato informou que os metalúrgicos estão dentro da fábrica, mas permanecem de braços cruzados. A Volkswagen não se manifestou sobre a greve.


Demissões na Volkswagen mobilizam governo, mas socorro não deverá sair

As 800 demissões na Volkswagen no ABC paulista, berço do PT, mobilizaram nesta terça-feira, 6, o núcleo central do governo. Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, foram chamados ao Palácio do Planalto para discutir o problema com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o ministro-chefe da Secretaria Geral, Miguel Rossetto, responsável pelo contato com os movimentos sociais e centrais sindicais.

Pouco antes, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, havia recebido o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, para ouvir um relato sobre as demissões.

No que promete ser o primeiro grande teste da nova diretriz de política econômica, o governo não pretende adotar medidas de socorro. "Em princípio, não", disse Armando Monteiro. "Não para a realidade que está posta."

Em outra frente, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, telefonou para o presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, para oferecer a intermediação do governo nas negociações entre empresa e sindicato. Nas reuniões no Planalto, Levy e Barbosa insistiram sobre a importância de o governo não recuar da decisão de elevar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro.

Para a equipe econômica, este é um novo momento, de ajustes, em que é preciso que sejam feitos sacrifícios. Eles ponderaram que a indústria automobilística poderia contribuir com sua parte, depois de terem sido beneficiadas por tanto tempo com e reduções de impostos.

Desde a crise de 2008, e até janeiro de 2014, o governo abriu mão de arrecadar R$ 12,3 bilhões em IPI das montadoras.

O entendimento no governo é que as montadoras passam por dificuldades, assim como o restante da indústria. "É uma conjuntura própria das flutuações em todos os mercados", disse Monteiro. Ele observou que outras empresas também têm feito ajuste em seus quadros - porém, com menor repercussão política do que a vista no setor automobilístico.

Mas, segundo Monteiro, a Anfavea não pediu ajuda. A conversa com Moan restringiu-se a uma explicação sobre por que a Volks realizou as demissões e uma avaliação que essa não é uma tendência generalizada no setor. "Não há nenhuma posição de buscar socorro, nem medida salvadora", disse.

Haverá, porém, pressões políticas. "Naturalmente a preservação do emprego, principalmente de empresas que tiveram algum tipo desoneração ou benefício, é uma coisa que vamos defender", afirmou o presidente nacional do PT, Rui Falcão, no Palácio do Planalto. Ele ressalvou não conhecer a extensão e as razões dos desligamentos.

Segundo o relato de Moan a Monteiro, a Volks vinha, desde meados do ano passado, negociando um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para 2.100 funcionários. Queria, também, não conceder reajustes em 2015 e 2016, mas pagar apenas um abono.

A proposta foi rejeitada pelo sindicato. Por isso, 800 dos 2.000 funcionários que retornaram do período de lay-off receberam uma carta na qual são informados de sua demissão a partir de 6 de fevereiro. "Mas há flexibilidade da empresa em retomar as negociações", disse Monteiro.

Essa foi também a avaliação de Manoel Dias. Ele afirmou que continuará trabalhado na mediação e considera ser possível um bom termo."Os dois lados demonstraram a intenção de dialogar e encontrar uma saída para que não aconteçam as demissões. Acredito que mantendo esse diálogo, essa disposição de ambas as partes, poderemos encontrar uma solução", afirmou.

 



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