A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quinta-feira, ao assumir seu segundo mandato, que as irregularidades na Petrobras sejam apuradas e os responsáveis punidos, mas sem enfraquecer a estatal, que está no centro de um escândalo bilionário de corrupção.
"Temos muitos motivos para preservar e defender a Petrobras de predadores internos e de seus inimigos externos. Por isso, vamos apurar com rigor tudo de errado que foi feito e fortalecê-la cada vez mais", disse Dilma durante discurso de posse, no Congresso Nacional.
"Temos que saber apurar e punir sem enfraquecer a Petrobras nem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro", prosseguiu a presidente, acrescentando que a empresa "teve, lamentavelmente, alguns servidores que não souberam honrá-la".
A Petrobras está envolvida em uma série de denúncias e investigações de irregularidades e desvios em contratos, no âmbito da operação Lava Jato, da Polícia Federal. O valor de mercado da empresa caiu perto de 40 por cento no ano passado.
No discurso, Dilma disse ainda que não "podemos permitir que a Petrobras seja alvo de um cerco especulativo de interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da política de conteúdo nacional".
Ela se referia ao modelo de exploração das reservas do pré-sal, que prevê que a União receba uma parte do petróleo extraído, e não valores pré-fixados, além da obrigatoriedade de contratação de parte dos equipamentos junto a empresas nacionais.
No início desta semana, a estatal afirmou que pode aumentar o número de companhias estrangeiras com quem trabalha depois de suspender, na segunda-feira, negócios com 23 fornecedoras citadas na Lava Jato.
Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010, primeiro na condição de ministra de Minas e Energia e depois quando estava no comando da Casa Civil, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A presidente da República negou repetidas vezes que tivesse conhecimento de atos ilícitos na Petrobras antes que eles viessem a público em 2014.
Pacto contra corrupção
Durante seu discurso de posse, a presidente Dilma Rousseff propôs nesta quinta-feira um pacto nacional contra a corrupção.
Dilma disse ser necessário "democratizar o poder" e afirmou que isso passa pela reforma política e pelo combate à corrupção. A presidente afirmou também que vai propor ao Congresso Nacional no primeiro semestre deste ano um pacote de medidas de combate à corrupção defendido por ela na campanha eleitoral de 2014.
Dilma diz que é possível ter ajuste econômico sem revogar direitos
A presidente Dilma Rousseff disse, ainda, nesta quinta-feira que provará em seu segundo mandato na Presidência da República ser possível fazer ajustes na economia sem revogar direitos conquistados.
Em seu discurso de posse no Congresso Nacional, Dilma prometeu promover mudanças e se disse disposta a mobilizar a população para uma nova "arrancada" do Brasil.
Ajustes nas contas públicas
A presidente reeleita afirmou que a retomada do crescimento econômico do país passa pelo ajuste nas contas públicas e que esse ajuste será feito com o menor sacrifício possível para os mais pobres.
No discurso, Dilma prometeu defender a estabilidade e a credibilidade da economia. A presidente prometeu manter a política de valorização do salário mínimo e a inflação abaixo do teto da meta estipulada, que é de, no máximo, 6,5 por cento ao ano.