O principal índice da Bovespa desacelerou os ganhos ao longo da segunda-feira, mas ainda assim fechou com o melhor desempenho em mais de dois anos, após o desempenho do candidato de oposição Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno da eleição presidencial superar expectativas.
O Ibovespa encerrou com alta de 4,72%, a 57.115 pontos, tendo alcançado 58.897 pontos no melhor momento do dia, com ganho de 8%.
A alta registrada no fechamento foi igual ao ganho registrado em 27 de julho de 2012, que havia sido o maior avanço desde 9 de agosto de 2011.
O volume financeiro no pregão totalizou R$ 14,4 bilhões, bastante acima da média diária do ano, de R$ 6,9 bilhões.
Aécio garantiu vaga no segundo turno com mais facilidade do que as últimas pesquisas apontavam e ainda se aproximou da primeira colocada, a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, como em nenhum momento da campanha.
Dilma teve 41,6% dos votos válidos e Aécio obteve 33,6%.
"O ano de 2015 vai ser um ano de ajustes duro, ganhe quem ganhar", disse Will Lander, gestor sênior de fundos de investimentos da BlackRock, em Nova York.
De acordo com o profissional, o mercado se anima com o potencial de uma vitória de Aécio pois traz a expectativa de mudanças no manejo da economia, com menos intervenção, mais controle fiscal, entre outros fatores.
"O mercado se anima com o potencial de um crescimento melhor e uma vitória da presidente (Dilma Rousseff) indicaria para mais do mesmo do que vimos nos últimos quatro anos", acrescentou.
Operadores e analistas têm manifestado insatisfação com as diretrizes econômicas do atual governo. Perspectivas de alternância em Brasília têm servido como argumento para compras na bolsa nos últimos meses e vice-versa.
Ações de estatais que têm reagido fortemente ao cenário eleitoral lideraram os ganhos do Ibovespa nesta sessão.
Após terem disparado mais de 17% em seu melhor momento, as preferenciais da Petrobras terminaram com elevação de 11,12%, maior ganho desde dezembro de 2008. Os papéis ordinários da petroleira subiram 9,71%, maior ganho em um ano.
Analista do UBS Securities revisou nesta segunda-feira a recomendação para as ações ordinárias da Petrobras para compra, ante neutra, e elevou o preço-alvo do papel para R$ 21,50, ante R$ 20.
Papéis do setor financeiro e imobiliário também se destacaram na ponta positiva do Ibovespa.
Operadores atribuíram a alta expressiva principalmente à cobertura de posições vendidas daqueles que apostavam em um cenário mais tranquilo para Dilma na corrida presidencial, movimento conhecido como "short squeeze".
Analistas ponderam que ainda é incerto o desfecho da disputa pelo Palácio do Planalto. Assim, a expectativa é que a bolsa brasileira continue com alta volatilidade pelo menos até o próximo dia 26, quando acontece a votação final.
"A eleição ainda continua muito apertada e incerta, o que dificulta qualquer tomada de decisão de investimento baseada apenas neste evento", ponderou Marcelo Mesquita, sócio e diretor de análise da Leblon Equities Gestão de Recursos.
O sócio e diretor de estratégia na consultoria Arko Advice, Thiago Aragão, avaliou que a disputa agora será "tête-à-tête, em igualdade de condições, pelo menos do que diz respeito a tempo na televisão e recursos financeiros".
Entre os poucos papéis na ponta negativa do índice, figuraram ações de empresas exportadoras, sensíveis à variação do câmbio, como Suzano, Fibria e Embraer, já que o dólar fechou em queda superior a 1,4% frente ao real.
Do noticiário corporativo, vale mencionar que o grupo europeu de telecomunicações Altice está negociando a compra de ativos portugueses da Oi, conforme afirmou uma fonte nesta segunda-feira.
Fora do Ibovespa, a ação da Cosan Log, resultado da cisão da parcial da Cosan, fechou com alta de 5,6% na sua estreia na bolsa.
Com Aécio no segundo turno, dólar recua para R$ 2,42
O dólar fechou em queda de mais de 1% sobre o real nesta segunda-feira, mas longe das mínimas da sessão, após o bom desempenho de Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno das eleições presidenciais derrubar a divisa a R$ 2,37 durante a manhã.
Segundo operadores, o tombo inicial da moeda norte-americana foi exagerado, gerando uma correção em seguida. A percepção é que o mercado deve continuar volátil nas próximas semanas, diante da disputa acirrada no segundo turno entre o candidato tucano e a presidente Dilma Rousseff (PT), que vem sendo fortemente criticada pelos agentes financeiros pela condução da atual política econômica.
O dólar caiu 1,43%, a R$ 2,4266 na venda. Na mínima da sessão, logo após a abertura, a divisa chegou a cair 3,40%, a R$ 2,3782. O contrato futuro de dólar para novembro, caía 1,39%, a R$ 2,4425 logo após as 17h.
"O mercado claramente reagiu com força demais na abertura e depois assentou num patamar mais equilibrado", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. "Nas próximas semanas, o mercado vai tentar entender qual exatamente é a posição do Aécio no segundo turno e negociar baseado nisso", acrescentou.
Aécio ficou com 33,6% dos votos válidos no primeiro turno neste domingo, enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) marcou 41,6%. O desempenho do tucano, que promete uma política econômica mais ortodoxa, veio acima do indicado nas pesquisas de intenção de voto, surpreendendo investidores.
Analistas acreditam que o mercado deverá continuar volátil até o segundo turno, no próximo dia 26, operando com base no noticiário político e nas pesquisas. Mas, a médio prazo, preveem pressão de alta do dólar devido à perspectiva de juros mais elevados nos Estados Unidos.
"O dólar deve ter um movimento instantâneo de queda", afirmou o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. "A queda não deve levar a moeda ao patamar inferior a R$ 2,30, nem o PSDB quer isso", acrescentou.
Uma importante fonte da equipe econômica afirmou à Reuters que, mesmo considerando a volatilidade esperada no curto prazo elas eleições, o Banco Central considera que seu atual programa de atuação no câmbio está adequado.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, como parte das atuações diárias. Foram vendidos 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,7 milhões.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 18% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.
Na primeira metade do pregão, os investidores preferiram concentrar as transações no mercado futuro, onde podem ser mais alavancadas. Por isso, o volume no mercado à vista foi reduzido até a hora do almoço, mas voltou a crescer à medida que as cotações foram corrigidas.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,4 bilhão No mercado à vista, contra a média diária de US$ 1,5 bilhão de setembro. Já o número de contratos de dólar para novembro negociados nesta sessão estava em 480 mil, contra a média de cerca 365 mil contratos nos últimos 30 dias.