A produção da indústria brasileira recuou no mês de junho, na quarta queda em sequência. Os números negativos foram registrados nas quatro grandes categorias em que se divide a indústria.
A Copa ajudou a frear ainda mais a economia. Menos dias de trabalho, menos demanda e o resultado foi a queda da indústria de 6,9% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. A pior em cinco anos.
No primeiro semestre, a indústria acumulou retração de 2,6%. Essa é a média dos 26 setores pesquisados pelo IBGE. Mas a verdade é que a maioria deles amarga uma queda ainda mais forte, como metalurgia (queda de 5%), móveis (menos 8%) e veículos (retração de quase 17%).
"O investimento está muito fraco e isso está sugerindo uma queda na queda da taxa de investimento de algo de 1 a 2% do PIB - o que é dramático e significa muito baixo crescimento no futuro" - analisa José Márcio Camargo, economista da PUC do Rio de Janeiro
Essa é a situação da indústria hoje. Mas o futuro também já pode estar comprometido porque caiu o investimento em máquinas, os chamados bens de capital. Bens de capital são equipamentos e instalações usados para produzir outros bens.

Em junho de 2014, o setor de bens de capital recuou 21,1% em relação a junho do ano passado. Nos seis primeiros meses do ano, a queda foi de 8,3%.
A publicação completa da pesquisa e todos os seus resultados pode ser acessada na AQUI (arquivo em PDF) ou em nosso servidor clicando AQUI
A baixa na produção dos bens de capital é reflexo do desaquecimento no setor industrial.
No resultado mensal, a maior queda registrada pelo IBGE foi na indústria de automóveis, uma redução de 36,3%, o pior resultado desde dezembro de 2008. Resultado que foi provocado pela queda nas vendas no país e também pela crise economica na Argentina, principal importador de veículos produzidos no Brasil.
"O Brasil precisa de uma reforma nos tributos e infraestrutura, que a gente está defasado talvez mais de uma década" - aponta Rodrigo Zeidan, economista da Fundação Dom Cabral
"Isso significa que a Argentina vai ter menos recursos para importar bens e serviços e, consequentemente, vai afetar as exportações brasileiras de automóveis ainda mais do que já afetou no começo deste ano", diz o economista José Márcio Camargo.
Os especialistas acreditam que, com a queda na produção e a inflação em alta, as mercadorias brasileiras acabam ficando muito caras,e não competem no mercado internacional. Eles dizem que, num futuro imediato, para retomar o crescimento, o país precisa fazer reformas.