Da ABr
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva intermediou na última quinta-feira um acordo entre o setor sucro-alcooleiro e autoridades do governo a fim de garantir o abastecimento de álcool no país. Em reunião pela manhã no Palácio do Planalto com cerca de 60 usineiros e ministros da área econômica, Lula obteve um compromisso do segmento para que haja uma redução imediata do preço do produto nas usinas de açúcar, a vigorar já a partir de hoje, segundo informações do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, um dos ministros participantes da negociação.
Além desta decisão, os usineiros anteciparão para março próximo a moagem de cana-de-açúcar da safra 2003/2004, o que possibilitará um acréscimo na produção em 600 milhões de litros de álcool até o final de abril para suprir a escassez do produto, e de 1,5 bilhão de litros até o final do ano, medida que reduzirá, em contrapartida, a exportação de açúcar em 2 milhões da toneladas, sacrifício considerado necessário para garantir o abastecimento interno.
De acordo com o ministro da Agricultura, o governo atuará na distribuição e no varejo para evitar que a redução de preços nas usinas deixe de beneficiar o consumidor final.
Em entrevista após a reunião com Lula, os usineiros e os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, do Desenvolvimentoi, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, de Minas e Energia, Dilma Rousseff, da Casa Civil, José Dirceu, da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, assegurou que o consumidor pode ficar
tranqüilo de que não haverá desabastecimento de álcool. “O consumidor fique tranqüilo que não vai faltar álcool”, garantiu.
Roberto Rodrigues anunciou que será criado, no âmbito do Ministério da Agricultura, uma Câmara Setorial que vai reunir produtores rurais, industriais, distribuidores, representantes de postos de gasolina e outros segmentos para redesenhar uma política permanente de produção de cana, açúcar e álcool, inclusive com perspectivas de exportação do produtos para países desenvolvidos, que estão vendo “com muito carinho” a compra do álcool brasileiro tendo em vista questões ambientais e a redução de custos.
Para que o acordo seja implementado, será necessário, conforme o presidente da União da Agroindústria Canavieira (Única), Eduardo Pereira de Carvalho, que cada produtor de álcool firme contrato com o respectivo sindicato da indústria do produto em cada um dos estados do centro-sul do país. Ele explicou que o contato especificará a quantidade de álcool a ser produzida com a antecipação da próxima safra e qual volume será produzido até o final de abril próximo, além de ter de alinhar a previsão de produção até 30 de abril de 2004. Caso o produtor que aderir ao acordo e não cumprí-lo, o sindicato poderá emitir uma letra de câmbio contra ele. Carvalho prevê que o somatório dos contratos significarão este ano a produção de 12,6 bilhões de litros de álcool no centro-sul brasileiro.
De acordo com Roberto Rodrigues, o setor sucro-alcooleiro vai retomar efetivamente a produção de forma que atenda ao mercado interno e externo, por conta de uma nova visão que passa a ter em decorrência da crise atual: “Eu acredito que o setor sucro-alcooleiro, se duas vezes já no passado atirou no próprio pé ao não ter uma visão estratégica em relaão à produção de álcoool, apreendeu a lição do passado e não vai dar agora o tiro na cabeça. Não podemos correr este risco de novo. Eu acredito que os erros do passado ensinaram o setor”, afirmou.
Ele informou que amanhã a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, se reúne com a diretoria da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para discutir formas de fiscalização tanto do ponto de vista da redução da mistrura do álcool anidro à gasolina, de 25% para 20%, e também para garantir ao consumidor a relação de 60% do preço do álcool em comparação com o da gasolina.
Roberto Rodrigues assegurou que o governo tem condições de fazer com que o acordo firmado hoje seja cumprindo, assinalanando que o governo possui mecanismos para fazê-lo vigorar. “O governo tem instrumentos de convencimento que eu espero não seja necessário acionar”, frisou, lembrando que uma das formas foi a redução dos percentuais da adição de álcool na gasolina.
|