O Ministério Público de São Bernardo pediu na última sexta-feira, 4, a prisão preventiva de Cleuza Rodrigues Repulho, PT, secretária de educação de São Bernardo, por suposto envolvimento em fraude e superfaturamento de licitações para compra de materiais escolares (mochilas e tênis). A investigação está à cargo do GAECO ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do ABC).
Além de Cleuza Reupulho, outros quatro integrantes do governo Luiz Marinho estão denunciados pelo GAECO, entre eles Sérgio Moreira, assessor de Cleuza, e três procuradores municipais. O GAECO também denunciou outras 15 pessoas (empresários).
Todos estão denunciados por formação de quadrilha, uso de documentação falsa, dispensa de licitação de forma ilegal, abertura de eventual possibilidade de modificação contratual sem autorização e peculato que é a apropriação indébito de dinheiro público.
Nas investigações, o GAECO chegou ao levantamento de cerca de R$ 4 milhões que teriam sido desviados dos cofres municipais.
A empresa vencedora da licitação em 2009 e das renovações, consideradas ilegais, forneceu produtos à Prefeitura de São Bernardo nos anos de 2010, 2011 e 2012 com um faturamento de quase R$ 34 milhões.
De acordo com o GAECO, empresários e servidores públicos atuaram conjuntamento no intuito de combinar preços e garantir que a compra de materiais de qualidade inferior fossem adquiridos por preços superfaturados.
Comparado com Santos, por exemplo, os materiais entregues em São Bernardo são inferiores e pouco confiáveis, disse um membro do GAECO ABC.
Sérgio Moreira, que não é técnico na área téxtil, mas é braço direito de Cleuza Repulho, foi designado por ela para coordenar e acompanhar todo o processo da licitação dos materiais sendo, inclusive, responsável pela análise das amostras apresentadas pelas empresas que participaram do certame.
Fato estranho levantado pelo GAECO seria de que Sérgio teria invertido a ordem do certame efetuando, primeiramente, a avaliação dos tênis e mochilas para, posteriormente, abir as propostas financeiras. Com essa atitude, que era de conhecimento de Cleuza, sua superior direta, Sérgio desclassificou concorrentes que estariam de fora do "conluio" que estaria previamente ajustado de forma a direcionar o resultado final da licitação.
As empresa que "deram cobertura" na licitação e que faziam parte do "conluio" foram subcontratadas pela vencedora do certame e, forneciam a ela, os mesmos produtos ofertados na licitação por preços muito inferiores.
Para lavar o dinheiro os valores eram sacados e depositados em contas de outras empresas de forma a permitir a aquisição de bens móveis e imóveis colocando em nome de "laranjas" do esquema. O GAECO conseguiu registrar até a compra de um cavalo de raça por cerca de R$ 141 mil.
A assessoria de imprensa da prefeitura foi procurada para comentar o pedido de prisão de Cleuza, mas não retornou até o fechamento da edição.