Investigadores que apuram o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines acreditam que alguém a bordo do avião desligou os sistemas de rastreamento e comunicação da aeronave, virou o Boeing 777 e voou por cerca de sete horas depois que o aparelho perdeu contato com o controle aéreo, afirmou neste sábado o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak.
Em entrevista coletiva, Razak afirmou que as buscas pelo avião e as 239 pessoas a bordo da aeronave foram encerradas na parte leste da Malásia. "Ao contrário do que afirmou a imprensa, de que o avião teria sido sequestrado, eu gostaria de ser bastante claro e dizer que ainda estamos investigando todas as possibilidades para descobrir porque o (voo) MH370 foi desviado”, disse o primeiro-ministro.
Razak afirmou que novos dados apontam que a última comunicação entre o avião da Malaysia Airlines e satélites ocorreu às 8h11 do horário da Malásia. O último contato foi feito cerca de sete horas depois que o voo deixou as telas do controle de tráfego aéreo à 1h22 do último sábado, menos de uma hora depois de sua decolagem. O Boeing 777 voava no Golfo da Tailândia, ao leste da Malásia.
O primeiro-ministro disse ainda que um avião não identificado que apareceu nos radares da Malásia, na costa oeste do país, antes de desaparecer, por volta de 2h15, era o voo MH370.
A análise dos dados de comunicação da aeronave com satélites a situam em dois corredores: um que se estende ao norte da parte norte da Tailândia até a fronteira do Cazaquistão e Turcomenistão, ou um ao sul, que se estende da Indonésia ao sul do Oceano Índico.
Antes da coletiva do primeiro-ministro da Malásia, uma fonte afirmou à agência Reuters que dados eletrônicos da aeronave apontam que o Boeing 777 desviou sua rota a ao sul em direção ao Oceano Índico, onde provavelmente pode ter ficado sem combustível e caiu no mar.
Evidências reforçam tese de ação proposital em sumiço de voo
A tese de que o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines ocorreu por uma ação proposital ganha força entre os investigadores após as últimas informações que indicam que alguém mudou o rumo da aeronave deliberadamente e tentou ocultar sua localização, informou o The Wall Street Journal.
"Cada vez mais, parece que este caso entra no terreno do delito. As últimas revelações da investigação indicam que a chave é determinar se um sequestrador ou um membro da tripulação mudou o rumo do avião", explicou ao jornal americano um membro da Junta Nacional de Segurança dos Transportes dos Estados Unidos.
Os investigadores se inclinam sobre essa hipótese porque as últimas informações revelam que o avião continuou voando por mais quatro ou cinco horas depois da última vez em que se teve contato com ele, assim como os dados que mostram que a aeronave passou por mudanças bruscas de rumo e altitude.
O avião pode ter percorrido até 2,2 mil milhas náuticas e alcançado talvez pontos como o Oceano Índico, a fronteira com o Paquistão e o Mar Arábico, explicaram os investigadores americanos ao The Wall Street Journal.
Além disso, os dois principais sistemas de comunicação do avião deixaram de emitir sinais com 14 minutos de diferença, o que afasta a possibilidade de uma falha mecânica, informaram fontes oficiais ontem à emissora ABC News.
O voo MH370 saiu de Kuala Lumpur no último sábado às 0h41 locais (13h41 de Brasília da sexta-feira) e tinha previsão de chegada em Pequim cerca de seis horas mais tarde. O Boeing 777-200 levava combustível suficiente para 7,5 horas de voo e transportava 227 passageiros, entre eles duas crianças, e uma tripulação de 12 pessoas.